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domingo, 28 de outubro de 2012

Earth Song: Inside Michael Jackson' Magnum Opus (parte 2)


Privilégio e Dor


Jackson se lembrava do exato momento no qual a melodia surgiu.
Foi na segunda noite dele em Viena. Do lado de fora do hotel dele, além da Ring Strasse Boulevard e o alastrado Stadtpark, ele poderia ver os majestosos museus iluminados, catedrais e opera houses. Era um mundo de cultura e privilégios muito distante do lar da infância dele, em Gary, Indiana. Jackson estava hospedado em uma elegante suíte conjugada, revestida por janelas amplas e uma vista de tirar o fôlego. Apesar de toda essa opulência em volta, ele estava, emocionalmente e mentalmente, em outro lugar.
Não era mentalmente solidão (embora ele, certamente, sentisse isso). Era algo mais profundo – um esmagador desespero sobre a condição do mundo.
Talvez a mais comum característica associada à celebridade seja narcisismo. Em 1988, Jackson, certamente, tinha razões para ser egoísta. Ele era a pessoa mais famosa do planeta. Para todos os lugares que ele viaja, ele criava massiva histeria. No dia do concerto lotado dele no Prater Stadium, em Viena, um artigo da AP disse: “130 Fãs de Jackson Desmaiaram no Concerto.” (2) Se os Beatles eram mais populares que Jesus, como uma vez John Lennon alegou, Jackson bateu toda a Santa Trindade.
Enquanto Jackson apreciava a atenção, de certa forma, ele também sentia uma profunda responsabilidade em usar essa celebridade para mais que fama e fortuna (Em 2000, o Guines Book of Records o citou como o artista pop mais filantropo da história). (3) “Quando você vê as coisas que eu tenho visto, e viaja pelo mundo todo, você não seria honesto com você nem com o mundo se [desviasse o olhar]”, Jackson explicou. (4)
Em quase todas as paradas dele na Bad World Tour, ele visitaria orfanatos e hospitais. Apenas dias antes, quando em Roma, ele parou no Hospital Infantil Bambin Gesu, carregando presentes, tirando fotos, e assinando autógrafos. Antes de partir, ele prometeu uma doação de mais de 100 mil dólares.
Antes e depois dos concertos, ele tinha crianças desprivilegiadas e doentes trazidas para o estádio. “Todas as noites, as crianças viriam em macas, tão doentes que elas mal podiam erguer a cabeça dela”, relembra o treinador de voz, Seth Riggs. “Michael ajoelharia ao lado das macas, colocando a cabeça ao lado das delas e, assim, ele poderia ter a foto dele tirada com eles e, depois, dava a eles uma cópia para lembrarem o momento. Eu não podia suportar isso. Eu estaria no banheiro chorando. As crianças teriam certas regalias na presença dele. Se isso desse a elas energia por mais um par de dias, para Michael, tinha valido a pena.” (5)


Notas do autor:

6.  “Quaisquer grandes artistas estão lutando com a loucura e a solidão deles, os medos deles, ansiedades e inseguranças”, observa Cornell West, “e eles estão transfigurando isso em formas complicadas de expressão que afetam nossos corações, mentes e almas e nos lembra de que nós somos, pois, seres humanos, a fragilidade da nossa condição humana e a inevitabilidade da morte... [Michael] foi capaz de se expressar de tal forma que ele nos permitiu ter um senso do que é esta vivo.” “Professor de Georgetown acessa o legado cultural de Michael Jackson.” The Tavis Smiley Show. PBS. 30 de junho de 2009.
7. Deepak Chopra. “Um Tributo ao Meu Amigo.” The Huffigton Post. 26 de junho de 2009.
8. “Nenhum indivíduo sequer, nenhum movimento capturou imaginações ou dominou manchetes mais que o aglomerado de rocha e solo e água e ar que é nosso lar comum.” “Planeta do Ano: O Que Estamos Fazendo na Terra. Time. 2 de janeiro de 1989.
9. Ironicamente, no mesmo ano que Michael Jackson escreveu “Earth Song”, “Don’t Worry, Be Happy” de Bobby McFerrin ganhou o Grammy de Gravação do Ano.
10. Michael Jackson. Dancing the Dream. Poems and Reflections. Doubleday, 1992.
11. Michael Jackson. Dancing the Dream. Poems and Reflections. Doubleday, 1992.



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