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sábado, 21 de abril de 2012

Parte 3 - Black or White: Um Pouco Mais de História

Black or White: um pouco mais de história



Michael Jackson terá sempre um lugar na história da música e mesmo na cultura pop, mas o que dizer sobre história como a evolução do homem ou a humanidade? Michael teve um papel preponderante no avanço da humanidade como um afroamericano, como um lutador pela liberdade e ativista da paz.
O mundo que Michael cresceu era muito diferente do mundo de hoje. O racismo foi insidoso e um fato da vida; e ao contrário da pressão de hoje para ser politicamente correto que as forçam o preconceito a ficar no subterrâneo, era socialmente aceitável ser abertamente preconceituoso. Michael tinha cinco anos e só começou a cantar com seus irmãos quando Martin Luther King Jr. estava no Lincoln Memorial e fez o seu icónico discurso "I Have a Dream". Michael tinha dez anos quando o hino de James Brown “Eu Sou Negro e Eu tenho Orgulho” se tornou um hit nas paradas e esse foi o mesmo ano em que Martin Luther King foi assassinado.
The Jackson Five, quando começou, fez o "circuito chitlin’”, que é uma gíria que se refere a fazer as rondas de clubes e salas de música especificamente para artistas negros. Chicago’s Reagl Theater e New York’ Apollo Theater eram clubes principais no circuito. A palavra "chitlin’” é uma abreviação de tripas que é intestinos de suínos, considerado um alimento básico para as famílias negras pobres. Desde que artistas negros não eram bem-vindos nos clubes brancos, eles começaram a sua própria cadeia de clubes, muitos artistas bem conhecidos tem seu início no circuito chitlin’.
Assim, Michael cresceu no meio da batalha para desagregação e direitos civis dos afro-americanos. "O Código de Michael" e lema são informados pela experiência de Michael durante seus primeiros anos. Ele lutou contra preconceitos abertamente com finesse e uma franqueza ousada através de seu próprio código embutido em seu trabalho. Muitos poderiam decifrá-lo e muitos mais poderiam assimilar subliminarmente: e isso fez de Michael Jackson uma ameaça a ser enfrentada.
Um poderoso homem negro era uma ameaça para aqueles que queriam manter o status quo*. E um poderoso homem negro rico era assustador para os brancos que sentiram a necessidade de manter a raça caucasiana superior. Michael teria atraído o fogo e parte disso teria sido encoberto. Ele chegou a receber ameaças de morte. Naqueles anos, o FBI mantinha arquivos sobre qualquer um que levantasse qualquer controvérsia – até mesmo John teve um arquivo. Nós provavelmente nunca saberemos quem estava observando Michael e acompanhando seus movimentos, porque ele era visto como uma ameaça capaz de causar agitação civil ou revolução ou, talvez, até mesmo incitar um motim. Ele era muito rico e poderoso aos olhos daqueles que têm interesse em controlar e oprimir o negro e "mantê-los em seu lugar" dentro dos estratos sociais.
A fim de dar a vocês um sabor gráfico de como os anos sessenta foram, eu peguei um trecho, com permissão, do novo livro de Andrew Himes: A Espada do Senhor: As Raízes do Fundamentalismo em uma família americana.
"Eu tinha 13 anos quando as rachaduras começaram a aparecer no meu mundo. Era 1963, e eu era um membro magro, desconexo, e intimidado da Banda Poderosa Marcha de Troia do Colegial Millington Central, uma instituição pública toda branca. Sentei no banco traseiro de um ônibus escolar amarelo em uma noite de sexta-feira, enquanto nos dirigimos através de um bairro negro de Memphis em nosso caminho para jogar um jogo de futebol com outra escola só de brancos. Eu segurava uma trompa espancada em meu colo e ajustei meu mal ajustado uniforme de lã preta, cheirando ao suor da noite de sexta-feira, de gerações de membros da banda antes de mim, e endireitei os laços deteriorados dos filós de ouro que adornavam meus ombros.
Crianças negras jogavam nos quintais cobertos sujeira de telahdos de zinco, casas sem pintura pelas quais passávamos e os mais velhos sentados em cadeiras de balanço em suas varandas com vista para o cenário do anoitecer e o brilho azulado da iluminação pública de mercúrio impregnado na rua. Nos bancos a minha frente, os outros meninos da nossa banda abriram as janelas, colocaram as cabeças para fora e começaram a gritar com as crianças e os idosos negros em suas varandas: "Nigger, nigger nigger,! Macacos de quintal! Babuínos! "No banco da frente do nosso ônibus, sentado ao lado do motorista, estava o nosso professor e diretor da banda, o Sr. Nersesian, um armênio baixo e moreno, conhecido como um disciplinador assassino com uma pá de madeira, mais alta que ele e perfurado com furos para melhor sugar de volta a carne de uma nádega ofendida em um backswing energético. Sr. Nersesian manteve os olhos firmemente treinados na estrada, ignorando os meninos gritando atrás dele.




Eu me encolhi no meu lugar, envergonhado e servil no meu uniforme de troia. Eu odiava o que eles estavam dizendo e fazendo, mas eles eram maiores, mais altos, e mais autoconfiantes que eu; e eu estava com medo da questão.
Poucas semanas depois, eu estava no corredor do lado de fora da minha turma da oitava série de Inglês. Uma dúzia de passos distante de mim, as primeiras crianças negras, que alguma dia, tentaram integrar a minha escola, um menino e uma menina, estavam com as costas contra a parede ao lado do bebedouro. Entre nós, nervosamente subindo e descendo os corredores, estava uma multidão de vários dos meus colegas, muitos deles gritando "Nigger! Nigger! Volta para casa, nigger! Volte para a selva!” Meninos da minha classe saíram do banheiro com pequenos sacos plásticos cheios de urina, lançando as cargas deles nas  crianças negras.
Eu estava enraizado ao meu lugar, chorando incontrolavelmente, esforçando-me para ver as crianças negras através das minhas lágrimas, observando o terror em seus olhos escuros e como eles tinham se abraçado e como o menino virou seu corpo e ergueu a mão para afastar os mísseis lançados contra eles. Eu nunca tinha sido tão consciente da minha natureza pecaminosa, da minha covardia, da minha inutilidade. Eu sabia que meu silêncio me fez tão culpado diante de Deus quanto meus colegas."

 

Havia outros artistas negros com hinos erguendo o movimento pelos direitos civis:  Marvin Gaye com  “What’s Going On ?",  Sister Sledge e “We Are Family”,  a “It’s a New World Order” de Curtis Mayfield, “Get Up; Stand Up” de Bob Marley " e, é claro, “I’m Black and I’m Proud” de Jaes Brown, entre outros. Berry Gordy e Stax Records foram fundamentais para a liberdade de artistas negrso e o movimento pelos direitos civis. E a mensagem de Michael incorporada em sua música e curtas-metragens ajudou a revolucionar o pensamento e fortalecer os direitos civis. Michael ensinou com sabedoria socrática e simbolismo esotérico - ele fez as perguntas sem fazer as perguntas.
A maneira de Michael era despertar o seu público para que eles pudessem contestar a sua própria complacência e ampliar o seu repertório de possibilidades. Michael sempre desafiou "o que é" com um espelho de "o que poderia ser". Uma coisa magistralmente visionária!
O hit “Black or Whit”, de Michael Jackson, foi lançado no outono de 1991 e rapidamente alcançou o primeiro lugar, fazendo dele o primeiro artista a ter os números uns durante três décadas. Seu vídeo "Black or White", lançado poucos dias depois, foi o curta-metragem mais aguardado da história, foi estreado simultaneamente em 27 países, com uma audiência de 500 milhões de espectadores, o video mais assistido de todos os tempos.
A controvérsia começou instantaneamente especialmente com "dança da pantera", cena em que Michael dança sugestivamente e quebra janelas e, finalmente, fecha a braguilha aberta. Conhecer o código Michael ajuda a decifrar o que Michael estava tentando dizer com Black or White.
Mesmo o showman e aluno P.T Barnum***, Michael foi corajosamente onde ninguém tinha ido antes. Black or White foi um discurso retórico, um protesto, uma educação, uma sugestão e uma declaração, tudo ao mesmo tempo. Para ser compreendido completamente, ele deve ser visto e analisado no contexto dos tempos e vida de Michael.



Notas da tradutora: “status quo” vem do latim e significa estado anterior.

P.T. Barnum é um museu fundado pelo famoso showman americano Phineas Taylor Barnum. http://en.wikipedia.org/wiki/P._T._Barnum

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