Traduzido por Daniela Ferreira
para o blog The Man In The Music
O ensaio
que se segue foi escrito por Constance Pierce, uma talentosíssima artista que
aconteceu de ser uma grande amiga minha. (You can see some of her work here.) Ela foi gentil em permitir que eu
publicasse esta sugestiva peça sobre dois excêntricos, mas brilhantes artistas:
Michael Jackson e J.D. Salinger. Eu espero que vocês apreciam-na como eu.
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PRIVACY
Michael Joseph Jackson foi um ritual curador, cuja presença
carismática magnetizou e unificou milhões de almas para o bem através das performances
globais dele. Mas ele também foi, e ainda é, uma presença intensivamente polarizante.
Uma imensa quantidade de sombra material sobre ele, por uma cultura míope. Com
um artista, ele se tornou hábil em ter
essa sombra, esteticamente transformando-a,
e empurrando-a de volta para nós (como artista criticados sempre fazem) como
arte.
Outro gênio enigmático do século vinte um deixou o
palco em 2009. Ele tinha 90 anos e, ao contrário de Michael, morreu de causas
naturais. Ele tinha escapado da subida meteórica à fama há aproximadamente meio
século, procurando por um pequeno enclave de anonimato onde ele ferozmente
protegia a sua privacidade contra todos os estranhos. Quando abordado sobre sua
autobiografia, J. D. Salinger, supostamente, respondeu que ele tinha nascido em
meio a toda a exploração e falta de privacidade que ele poderia provavelmente
suportar em uma vida. Michael tinha expressado sentimentos similares na letra
profética de “Privacy” no ultimo álbum dele, ironicamente intitulado
“Invincible.”
Como Salinger, Michael parecia fazer sua própria
tentativa para abandonar a fama durante a última década. No fim, no entanto,
seduzido pelo holofote ligado mais uma vez, ele heroicamente (significa de
importância mítica) saltou para a luz … e para a sua própria morte.
Eu gostaria que ele tivesse procurado, como
Salinger fez, um lugar de obstinado anonimato, então, ele poderia ter
desfrutado várias décadas de privacidade pessoal e artística. Eu posso tão
facilmente evocar uma imagem de Michael, finalmente à vontade em sua majestosa
biblioteca pessoal, do jeito que ele foi sugestivamente fotografado para as páginas da
“Architectural Digest.”
Durante a vida dele, ele colecionou mais de vinte
mil livros para essa biblioteca, com predominância de arte, literatura e história.
Algumas das maiores inspirações dele foram as poesias de Emerson e Wordsworth,
e a escultura de Michelangelo. Como já mencionado por muitos, Michael era um
leitor voraz. Uma de suas ultimas noites secretas. Um de seus últimos muitos
passeios noturnos secretos foi a uma livraria em L.A.
Eu também o imagino gastando uma boa parte do future
dele engajado da produção da composições clássicas dele. À época da morte dele,
ele estava colaborando com o renomado maestro americano, David Frank, para fazer o arranjo e produzir
estas peças orquestrais com sinfonia principal em Londres, em 2010. Embora,
surpreenda alguns, Michael escutou música clássica por toda a vida dele e sempre
expressou que o compositor favorito dele, de todos os tempos, eram Tchaikovsky,
Debussy e Copeland.
Um curador associado ao Louvre relatou Michael
levando os filhos dele para visitar o renomado museu de Pari. O curador
descreveu-o como sendo tão profundamente afetado por suas obras de arte
favoritas, que ele se debulhava em lágrimas diante delas.
Como um pintor e desenhista ele mesmo e um ávido
colecionador de arte, houve relatos de que Michael – depois de se retirar dos
palcos – estava planejando realizar um sonho de uma vida. Meses antes da morte
dele, como a história vai, a filha dele o estava encorajando a começar um sério
estudo em história da arte através de um ramo educacional de uma dos mais
renomados institutos de belas artes de New York.
Também houve vários relatos de que nós veríamos
Michael envolvido em direção de filmes, produzindo e atuando em anos futuros. Ele
já tinha se engajado no projeto de um filme representando os últimos dias de um
de seus escritores favoritos, Edgard Allen Poe, em que ele pretendia fazer o
papel principal ele mesmo. Havia muitas avenidas da rica vida criativa dele que
continuava à frente dele.
Acima de tudo, porém, eu o visualize envelhecendo
enquanto saboreava a riqueza de milhares de dias com os três filhos dele que
eram tudo para ele.
Porém, Michael desejava oferecer uma última séria retrospectiva
da melhor obra dele, através de uma série de concertos em Londres,
profeticamente intitulada “This Is Tt”. A decisão dele em se engajar em tão
ambicioso projeto aos cinquenta anos de idade foi, em grande parte, pelos
filhos dele. Eles nasceram em anos recentes e nunca o tinham visto se apresentar ai vivo
antes. N final, ele disse “É tudo por amor…” Ele morreu, em mãos negligentes de
outro, no meio do ato final de sua criação.
De acordo com o escritor do New York Times,
Charles McGrath, J.D. Salinger uma vez disse ao editor que ele era considerava “bom
e ruim” ver a fotografia dele na jaqueta empoeirada do “Catcher in the Rye” e
exigiu que fosse removida. Ele, supostamente, ordenava o agente dele que
queimasse as cartas dos fãs. Talvez, Salinger estivesse furiosamente tentando exorcizar
o “impostor” (na língua vulgar do arquetípico personagem dele, Holden
Caulfield) da vida dele. Talvez, para o profundamente celebrado, o preço da
verdadeira privacidade demandasse tais atos de autodefesa contra a brutal invasão
do público.
Na outra noite, eu tive um sonho. Nele, eu pude ver
J. D. Salinger e Michael Jackson sentados juntos. Pareceu-me que eles estiveram
de pé a noite toda; às vezes acompanhando o longo silencio um do outro e, em
outros momentos, tranquilamente discutindo a vida...a morte...e a
paternidade...e arte...e também o assustadoramente indescritível anseio por
privacidade que ambos tinham compartilhado.
Em meu sonho, eu percebi que eles não estavam
tomando um café com leite, tarde da noite, em uma “Starbucks” celestial. Na
verdade, eu claramente os discerni sentados lado a lado, exatamente como os
“Nighthawks,” naquele quase vazio jantar icônico de Edward Hopper. Finalmente,
cada um, tinha deixado a estranha angústia da fama deles. Do lado de fora do
jantar, cercando-os, eu agora vejo a
imensidão de um clara noite de céu escuro no Paraiso. As estelas apareceram. E,
como Dante uma vez escreveu depois de ter deixado o Inferno, “Deixe a poesia
crescer, novamente.”
Constance Pierce é uma artista visual
especialmente interessada na importância da influencia global de Jackson na área
da cultura visual. Ela tem exibido regionalmente e nacionalmente na Europa e no
Japão. Ela é uma professora de belas artes associada da St. Bonaventure University
J.D. Salinger escreveu o livro “The Catcher In The
Rey” (“O Apanhador no Campo de Centeio”). O personagem central do romance
Holden Caulfied tornou-se icônico e era um exemplo da adolescência perdida.
Como o romance teve um sucesso gigantesco (vende muito ainda hoje) Salinger
tornou-se recluso. Se quiser conhecer melhor o autor clique aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/J._D._Salinger e aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u686020.shtml
*Starbucks é uma rede
de cafeterias.
*Nighthawks (gaviões da
noite) é um quadro de autoria de Edward Hopper. O quadro, que ele disse ter
sido inspirado em um restaurante de Londres, retrata um local quase vazio, com
algumas poucas pessoas que parecem estar absortas em seus pensamentos.