“Invincible é tão bom quanto, ou melhor que, Thriller, em minha verdadeira, humilde opinião. Ele tem mais a oferecer. Música é o que vive e dura. Invincible tem sido um enorme sucesso. Quando Quebra nozes foi introduzido pela primeira vez ao mundo, ele foi bombardeado totalmente. O que importa é como a história termina.”
MICHAEL JACKSON, USA TODAY, 2001
LANÇADO: 30 de outubro de
2001
PRODUTOR EXECUTIVO: Michael
Jackson
CONTRIBUIDORES NOTÁVEIS: Rodney Jerkins
(produtor/compositor) Teddy Riley (produtor/compositor), Brad Buxer
(arranjo/tecladista/programação/mixagem). R. Kelly (compositor), Babyface
(compositor), John McClain (compositor), O Coro Andraà Singers (vocais),
Santana (guitarra), The Notorious B. I.G. (rap), Fats (rap), Stuart Brawley
(engenharia), Bruce Swedien (engenharia/mixagem), Humberto Gratica
(engenharia/mixagem)
SINGLES: “You Are My Life”, “Cry”, “Butterflies”
ESTIAMATIVA DE CÓPIAS VENDIDAS: 11
milhões
CAPÍTULO 7 INVINCIBLE
Lançado em 2001, Invincible foi o último álbum de estúdio
de Michael Jackson. Ele também foi o menos bem sucedido comercialmente (embora
tenha conseguido se tornar o quinto álbum consecutivo dele a chegar ao topo dos
charts e terminado por vender mais de
dez milhões de cópias em todo o mundo). Enterrado pela falta de promoção da Sony – devido à complicada e,
emocionalmente carregada, disputa contratual – apenas um single foi oficialmente lançado, em vez dos seis planejados. Também
não houve nenhum vídeo musical, além de You
Rock My World, nem turnê. Os críticos, geralmente, condenavam o álbum por
ser muito extenso (ele dura setenta e sete minutos e contém dezesseis faixas) e
irregular. Depois de vários anos de antecipação sobre o “grande álbum de
retorno” de Michael Jackson, Invincible foi
visto, amplamente, como uma decepção.
Ironicamente, porém,
dado o relativo status obscuro dele, Invincible foi, provavelmente, o álbum
mais acessível de Jackson desde os anos 80. Desde a retro jazz “Butterflies” ao pulso latino “Whatever Happens”, à melancólica
R&B “Heaven Can Wait”, ele foi,
de muitas formas, um retorno às bases. Em, ainda, brilhantes performances vocálicas,
Jackson apresenta a hábil versatilidade dele, produzindo músicas que soam tanto
clássicas quanto contemporâneas. Stephen Thomas Erlewine, do All Music, descreveu o álbum como uma
“cintilante atualização, pós-hip-hop,
de Off The Wall”. Invincible não contém o mesmo extasiado
abandono e alegria dos álbuns antigos; no entanto, a atmosfera dele é,
inquestionavelmente, mais leve que os três álbuns anteriores dele. Ele é Imagine de Jackson: uma expressão
gentil, menos angustiada, mais convencionalmente íntima (inspirada em parte,
não há dúvidas, pelo nascimento de dois dos filhos dele).
O produto final tendeu
a polarizar fãs e críticos igualmente. Alguns o viram como o álbum mais
agradável dele desde Bad. Outros, no
entanto, viram-no como um pouco de regressão desde o trabalho desafiador no
qual ele esteve engajado durante a última década, um álbum que repetiu algumas fórmulas
e não experimentou, consistentemente, o risco e profundidade de Dangerous, HIStory e Blood on the Dance
Floor. Mas independentemente de como ele se contrapõe aos álbuns anteriores
dele, não há dúvidas de que Invincible
contém músicas de altíssima qualidade. De “Unbreakeble” a “Threatened”, pode-se
ver a inovação, o alcance, a habilidade que coloca Jackson ombro a ombro com os
aspirantes ao lugar dele, mesmo neste estágio da carreira dele.
Invincible foi lançado
apenas semanas depois dos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Foi um
tempo de choque e tristeza na América. Nas semanas e meses que se seguiram,
havia uma atmosfera tanto de paranoia quanto de patriotismo. O psicológico de todo
o país foi abalado, pois as imagens horríveis foram exibidas e reexibidas,
infinitamente, na TV. As pessoas temiam que mais ataques estivessem a caminho.
No entanto, desde Nova Iorque à Califórnia houve, também, uma onda de unidade
nacional e determinação. Na verdade, muitos no mundo responderam com compaixão,
fazendo vigilas e enviando apoio.
Michael Jackson
aconteceu de estar na Cidade de Nova Iorque no dia dos ataques, apenas quadras de
distancia do World Trade Center. Na
noite anterior, ele e centenas de estrelas da indústria do entretenimento
estavam reunidos para o 30th Aniversary
Celebration dele, no Madison Square
Garden, o que acabaria sendo as
últimas performances em concertos da vida dele. Na manhã seguinte, Jackson
recordou: “Eu recebi uma ligação de um amigo da Arábia Saudita, sobre que a
América estava sendo atacada. Eu fui para o noticiário e vi as Torres Gêmeas
caírem e eu disse: ‘Oh, meu Deus’... Isso é inacreditável – eu estava com medo
de morrer ’”.
Em vez de voar para a
segurança de Neverland, porém,
Michael Jackson foi trabalhar. “Eu não sou de ficar sentado”, ele explicou à Rolling Stone, “eu queria fazer alguma coisa para ajudar quem perdeu os
parentes, quem perdeu as mães, quem perdeu os pais. Aqueles que são nosso povo.
Aqueles que são nossas crianças. Aquele que são nossos pais.” Apena cinco dias apões
os ataques, Jackson anunciou um projeto que, ele esperava, arrecadaria 50
milhões de dólares para as vítimas de 11 de setembro.
Em adição, ele rapidamente
reescreveu e gravou novamente uma música, “What More Can I Give”, que seria
usada como um hino para o projeto. “Eu acreditava, em meu coração, que a
comunidade da música iria se unir com uma, e realmente iria curar milhares de
vítimas inocentes”, Jackson disse em uma declaração. “Há uma tremenda
necessidade de doar dólares, agora mesmo, e através deste esforço cada um de
nós pode desempenhar um papel imediato em ajudar a confortar muitas pessoas.
Nós temos demonstrado uma vez e de novo, que música pode tocar almas. É hora de
nós usarmos este poder para nos ajudar a começar o processo de cura
imediatamente.”
Em contraste com a chamada
de Jackson por amor e cura, entretanto, os Estados Unidos estava logo se
preparando para a guerra: primeiro no Afeganistão e, depois, mais controversamente,
no Iraque. Oposições Globais foram ferozes, mas definitivamente inúteis,
enquanto a administração de Bush realizava a campanha dela “choque e onda” com
um punhado de aliados. A guerra, que se estendeu pelo resto da década,
tornou-se um símbolo de polarização, medo e incerteza, que permearia os
próximos anos.
Medo
também acelerou dentro da indústria da música, enquanto
as companhias e artistas lutavam para se adaptar às novas mudanças culturais e
tecnológicas, incluindo serviços de compartilhamento na internet como Napster. O
crescimento do Napster foi tão rápido
quanto revolucionário. Quase da noite para o dia, colegiais e universitários,
por todo o país, estavam baixando milhares de música online. Em menos de um ano, Napster
gerou vinte e cinco milhões de usuários, tornando-se o website de crescimento mais rápido na história. Em 2001, apesar dos
desafios legais, a popularidade do site
atingiu o impressionante número de trinta e oito milhões de usuários.
Eventualmente, em julho de 2001, Napster foi
forçado a fechar. Mas já o gênio do serviço de compartilhamento tinha saído da
garrafa. Muitos fãs de música descreveram isso como uma revolução na qual a música
estava sendo libertada de um sistema corporativo obsoleto.
Executivos industriais,
entretanto, não estavam tão contentes. As vendas de música já estavam em
declínio no fim dos anos noventa. Agora, apesar do entusiasmo pela música
popular parecesse estar tão forte quanto sempre, o resultado final continuava a
cair. As vendas de CD foram de 730
milhões, em 2002, para 593 milhões em 2005. Nos Estados Unidos, a receita e licenciamento
para vendas de música caíram quase sessenta por cento nos anos 2000, de 14,5
bilhões para 6,5 bilhões. Da mesma forma, lojas de música se tornaram quase
extintas.
O que fazer sobre tudo
isso se tornou o problema definidor da década para uma desorientada indústria
da música. “A internet”, escreveu a Rolling
Stone, “apareceu para ser a mais pretenciosa mudança tecnológica para os
negócios de venda de música, desde os anos 20, quando a gravação fonográfica
substituiu as partituras como o lucro central da indústria”. Potenciais
soluções para essa mudança dramática dividiu executivos, artistas e ouvintes,
igualmente. Alguns músicos proeminentes, incluindo Metálica e Dr. Dre, foram
rápidos em denunciar o compartilhamento de arquivos, chamando isso de
destrutivo e desonesto (os dois processaram o Napster), Outros, incluindo
Radiohead e Chuck D, sentiram que isso gerava entusiasmo pela música,
particularmente para novos e menos conhecidos artistas.
Jackson transmite um apelo antiviolência a HIStory World Tour.
Independentemente de
algumas opiniões sobre o compartilhamento de arquivos e música digital, a
transformação foi inegável e incontrolável. No fim da década, a distribuição,
organização, consumo de música, e ouvintes, tinham sido fundamentalmente
alterados. iPods se tornaram
onipresentes e icônicos, substituindo não apenas Walkmans e Discmans, mas
também a necessidade de carregar CDs,
absolutamente. Música, agora, era armazenada, principalmente, em computadores,
em vez de em prateleiras e pastas; ela era também, facilmente, organizada em playlists individualizadas. Ouvintes
continuaram baixando músicas gratuitamente; no entanto, com crescente medo de
legalidade, qualidade de som e vírus, mais e mais as pessoas se voltam às lojas
online de música como iTunes e Amazon.com, onde músicas podem ser compradas mais baratas e
confiáveis.
Foi
na
extremidade dessa transformação que Michel Jackson lançou Invincible. A indústria da música e tecnologia, no entanto, não
foram as únicas coisas que mudaram. A música popular estava radicalmente
diferente de quando Jackson lançou HIStory
em 1995. O final dos anos noventa viu uma enorme ressurgência do pop em forma de boy bands, girl bands e
ídolos teen. Em 1997, foi as Spice Girls e Backstreet Boys, em 1998, foram os Hansen, Usher, Destinty’s
Child, Monica, Leann Rimes e Shania Twain; em 1999, Britney Spears e
Christina Aguilera, assim como a explosão latina liderada por Rick Martin, Marc
Anthony e Enrique Iglesias; 2000 viu a ascensão do N Sync e Jéssica Simpson; em 2001, Jennifer Lopez e Mary J. entraram
em cena.
Jon Pareles, do New York Times, descreveu isso como o “um
retorno generalizado – pós-grunge, pós-gangsta
– para a enérgica e alegre música pop:
uma reação à música muito arrogante e sombria”. O período de 1997 a 2002 foi,
definitivamente, saturado com pop teen.
Britney Spears se tornou o maior ícone
pop desde Michael Jackson. Músicas como “... Baby One More Time” e “Ops... I
Did It Again” dominaram as rádios e os charts,
enquanto o álbum de estreia dela vendeu mais de trinta milhões de cópias. Os Backstreet Boys tinham se tornado a boy band mais bem sucedida desde os Jackson 5, produzindo quinze hits Top 40 e vendendo mais que 130
milhões de álbuns, incluindo uma venda estimada de quarenta milhões de cópias do
álbum de 1999 deles, Millennium. ºN Sync chegou exatamente onde os Backstreet Boys pararam: O Strings Attached foi o álbum mais
vendido de 2000 (atrás da coleção greates
hits dos Beatles), nos Estados
Unidos, com mais de onze milhões de cópias vendidas. Para acrescentar a essa tendência, 2002 viu o
começo das enormemente populares séries de reality
television, American Idol.
Enquanto o teen pop era a força dominante, no
entanto, o rock ainda tinha uma
presença na mainstream através do
revivido trio Irlandês, U2, e o mesclado pop
britânico, Coldplay. A alternativa
era liderada por grupos como Radiohead,
The Flaming Lips e The Strockes. No fim dos anos noventa, hip-hop tinha, também, se tornado
integrado, com sucesso, transformando de gangstar
rap para uma elétrica mistura de pop
(Puff Dady, Will Smith), rudeza sexual (Nelly, Sisqo) e inovação (Jay-Z, Kenny
West). O mais bem sucedido rapper
desse período, no entanto, foi Eminem, de quem o LP lançado em 2000, Marshal
Matters, se tornou o álbum mais rapidamente vendido de todos os tempos (com
1,79 milhões de cópias vendidas em uma semana). O álbum continuaria para vender
noventa milhões de cópias, enquanto Eminem se tornou o artista que mais vendeu
na década.
Jackson provou que ele não tinha
perdido a magia em uma espetacular performance de “Billie Jean”, no 30th Aniversary Special em 2001. Os dois
concertos no Madison Square Garden
terminaria sendo as últimas performances públicas da vida dele.
A reentrada de Michael
Jackson nessa elétrica nova cena musical foi difícil de predizer. De um lado, a
inteira reativação do pop era alguma
coisa de uma homenagem à versão anterior dele. Podia-se ver a influência dele
em todos os lugares, nos passos de dança, estilo, a tensão entre inocência e
sexualidade adulta. No começo do novo milênio, havia uma sensação de que a
América (e o mundo) poderia estar pronta para o retorno do Rei do Pop, ele
mesmo. Por mais bem sucedidos que os
protegidos dele se tornassem, ninguém chegaria perto da criatividade,
originalidade e impacto transcultural de Jackson.
Jackson
não era mais jovem, porém. Em 1999, ele completou quarenta
anos. Os anos noventa tinha sido uma década de desafio para ele, como pessoa e
como personalidade. Em janeiro de 1996, ele e Lisa Marie Presley se divorciaram,
depois de apenas vinte meses de casamento. Para muitas pessoas, isso foi a
confirmação de que o casamento foi uma “farsa” o tempo todo. Para ambos,
Jackson e Presley, essa foi uma decisão e época muito difíceis na vida deles.
Durante 1997, Lisa
Marie e Michael passaram um tempo juntos durante a HIStory World Tour. Embora eles ainda se importassem um com o outro,
entretanto, nenhum deles estava convencido de que daria certo de novo. Por anos
depois do divórcio deles, Jackson manteve uma foto de Presley no criado mudo
dele. No início dos anos 2000, os dois tinham, finalmente, começado a seguir em
frente.
Para o público, o novo
casamento de Jackson com a enfermeira de longa data dele, Debbie Rowe, menos de
um ano depois do divórcio dele com Presley, era confuso, na melhor das
hipóteses. Jackson conheceu Debbie Rowe no final dos anos oitenta, quando fazia
visitas regulares ao dermatologista dele, Arnold Klein. Ela e Michael logo se
tornaram amigos. Antes mesmo de Jackson e Presley começarem a namorar, Debbie
Rowe, sabendo quão desesperadamente Jackson queria filhos, ofereceu torná-lo
pai através de barriga de aluguel. Não foi até o casamento com Presley que
Jackson começou a considerar seriamente a oferta de Rowe. O relacionamento de
Jackson com Rowe, de acordo com a maioria das fontes, era platônico. Rowe
queria dar um filho a Jackson como uma amiga.
Em entrevistas, ela descreveria isso como um “presente”.
Debbie Rowe,
originalmente, pretendia ser uma barriga de aluguel. Ela queria que Jackson
fosse pai, mas casamento nunca esteve em discussão. Eventualmente, é claro, isso
mudou, no entanto; embora as razões não sejam absolutamente claras. De qualquer
forma, Jackson e Rowe se casaram em uma cerimônia privada e discreta na
Austrália. O improvável casal nunca viveu junto. O “arranjo” deles era simples:
Jackson criaria as crianças e Rowe as visitaria ocasionalmente. Isso foi o que
ela ofereceu, antes do escrutínio dos tabloides e o casamento apressado esse
era o plano do casal.
Rowe queria dar a
Jackson um filho como uma amiga. Em entrevistas, ela descreveria isso com um
“presente”.
Menos de quatro meses
depois, em 13 de fevereiro de 1997, o primeiro filho de Jackson, Prince
Michael, nasceu. Jackson descreveu isso com o melhor dia da vida dele.
“Palavras não podem descrever como eu me sinto”, ele disse em uma declaração
escrita. “Eu tenho sido abençoado além da compreensão e eu trabalharei sem descanso
para ser o melhor pai que eu posso ser. Eu aprecio que meus fãs estejam
exultantes, mas eu espero que todos respeitem a privacidade que Debbie e eu
queremos e precisamos para nosso filho. Eu cresci em um aquário e eu não permitirei
que isso aconteça com meu filho. Por favor, respeitem nosso desejo e deem ao
meu filho a privacidade dele.”
A declaração,
previsivelmente, caiu em ouvidos surdos. Para apaziguar o frenesi tabloide que
se seguiu para conseguir a primeira foto do filho recém-nascido dele – o que
chegou ao ponto de helicópteros sobrevoando o hospital e repórteres tentando se
esgueirar para dentro dos portões de Neverland
– Jackson, finalmente, decidiu assumir o controle. Ele contratou um fotografo
profissional e vendeu fotos dele e do filho para a OK Magazine (um tabloide britânico). O dinheiro foi doado para a
caridade.
Nos anos que se
seguiram, no entanto, ele iria ao extremo para garantir a privacidade dos
filhos dele. Para alguém implacavelmente perseguido por paparazzi como Michael Jackson é impressionante como poucas fotos
foram tiradas dos filhos dele. Ele foi, é claro, criticado pelas máscaras elaboradas
e fantasias que eles usavam em público. Para Jackson, no entanto, isso era uma
tentativa de protegê-los.
Mais que qualquer
coisa, ele queria dar aos filhos dele a infância “normal” que ele nunca teve. “Eu
quero que ele tenha algum espaço”, ele disse a Barbara Walters sobre Prince
Michael em uma entrevista, em 1997, “onde ele possa ir à escola. Eu não quero
que ele seja chamado de ‘Wacko Jacko’ – isso não é legal. Eles [me] chamam
assim... Eles alguma vez pensaram que eu teria um filho um dia... que eu tenho
um coração? Isso fere meu coração. Para que passar isso para ele?”
No novembro seguinte, ele
e Debbie Rowe anunciaram que eles estavam esperando outra criança, dessa vez,
uma menina, que seria chamada Paris Michael Katherine. A menina com 3 quilos e
375 gramas, nasceu poucos meses depois, em 3 de abril de 1998. Jackson ficou
exultante. Mais tarde naquele ano, Jackson e Rowe, mutuamente, decidiram se divorciar.
Embora ela nunca tenha vivido com Jackson, Rowe tinha sido perseguida por paparazzi desde o dia que a notícia do
primeiro filhos deles saiu. Ela queria a velha vida dela de volta e Jackson
queria dar isso a ela.
O último filho de
Jackson, Prince Michael II (apelidado de Blanket), nasceu pouco depois do
lançamento de Invincible, em 2002, de
uma desconhecida mãe barriga de aluguel. “Eu não quero que ninguém conheça [a
mãe]”, Jackson disse a Martin Bashir em 2003. “Ela não quer estar em jornais e
tabloides... ela não quer isso, e eu não a culpo.” Jackson também explicou o
significado por trás do apelido da criança: É uma expressão que eu uso com meus
empregados. “Eu digo ‘você deveria cobertor a mim’, ou ‘você deveria cobertor a
ela’, cobertor significando uma benção. É uma forma de demonstrar amor e
carinho... Assim, o terceiro é Blanket e Blanket é realmente doce.”
Embora a configuração
da nova família dele não fosse tradicional, ainda era uma família – algo que Jackson
queria desesperadamente. Com Prince, Paris e Blanket, ele, finalmente, tinha
algo além da música dele, que ele poderia amar incondicionalmente.
De
muitas formas, esse era um momento feliz na vida de
Jackson; contudo, ele ainda lutava com dor e vício. Desde as alegações de 1993,
ele continuou a sofrer de uma dependência de analgésicos como Demerol,
OxyContin e morfina, especialmente, enquanto em turnê. Para lidar com a
persistente insônia depois dos concertos, ele também, alegadamente, passou a
usar propofol, um agente sedativo, geralmente usado para indução da anestesia.
“Fisicamente, turnê tira muito de você”, Jackson admitiu em 2001. “Quando eu
estou no palco, é como duas horas de maratona. Eu me peso antes e depois do show e eu perco uns bons 4 quilos. Suor
fica por todo o palco. Depois, você volta para o hotel e sua adrenalina está no
auge e você não pode dormir. E você tem um
show no dia seguinte. É difícil.” Jackson, supostamente, viajava como um
anestesiologista (quem sedaria o cantor à noite) durante grande parte da HIStory World Tour.
Muitos membros da
família e amigos próximos que se tornaram conscientes do vício de Jackson
tentaram ajudá-lo. “Ele estava cercado por facilitadores”, diz o amigo de longa
data, Deepak Chopra, “incluindo uma vergonhosa infinidade de MDs em Los Angeles, e qualquer lugar, que o suprimiam com drogas
prescritas. Embora, muitas vezes, ele pudesse, sinceramente, confessar que ele
tinha um problema, a conversa sempre terminava com uma deflexão e negação”.
Mais óbvio para o
público, naquela época, era que Jackson continuava viciado em cirurgia
plástica. O exato número de procedimentos a que ele se submeteu é desconhecido;
mas está claro que Jackson continuava a lutar com a aparência dele, o que mudou
repetidamente e dramaticamente desde 1995 a 2001. “Eu gostaria que eu nunca
fosse fotografado e nunca fosse visto”, ele confessou ao Rabino Shmuely Boteach
em 2001.
Talvez o mais
debilitante para a carreira de Jackson nessa época, no entanto, tenha sido os
infindáveis processos e embaraços financeiros que ele foi obrigado a enfrentar.
A representação dele tinha se tornado uma porta giratória. Crescentemente, ele
não sabia em quem confiar. Parte da razão para os repetidos atrasos no álbum
dele, portanto, teve a ver com essas lutas nos bastidores. Desnecessário dizer,
a vida dele tinha se tornado mais complicada do que era quando ele trabalhava
no Westlake Studio, com Quincy Jones
e o Time-A.
Enquanto ele se preparava
para o “grande retorno”, muitos se perguntavam se ele ainda tinha o time, energia, e desejo de fazer isso
acontecer. Em uma entrevista no final do milênio, Jackson parecia exausto, mas ainda
otimista. Perguntado sobre quem era o público dele no novo milênio, ele
respondeu: “Eu não sei. Eu apenas tento escrever musica maravilhosa e se eles
adoram, eles adoram. Eu não penso sobre nenhuma demografia. A gravadora tenta
me fazer penar assim, mas eu apenas faço o que eu gostaria de ouvir.” Perguntado
sobre se as pessoas, finalmente, seriam capazes de esquecer o sensacionalismo e
seriam capazes de focar na música, Jackson foi realista: “Eu penso que não,
porque a imprensa me transformou neste monstro, esta pessoa louca que é bizarra
e esquisita. Eu não sou nada disso.”
“Há alguma coisa que
você possa fazer para mudar isso?” Jackson foi perguntado. “Bem, tudo que posso
fazer é ser eu mesmo”, ele respondeu, “e criar a partir da minha alma. Mas eles
pegam isso e manipulam”.
“Eu estou colocando
meu coração e alma dentro [do álbum]”, ele disse em uma entrevista naquele ano,
“porque eu não sei se eu farei outro, depois desse...”
Ainda, Jackson estava excitado sobre o futuro. “Eu acho que o melhor
trabalho estar por vir”, ele disse, “mas eu gostaria de ir para outras áreas,
não continuar a fazer álbum após álbum”. Entre os muitos planos dele estava um
papel principal em um filme, The
Nigthmares of Edgar Allan Poe. Jackon há muito tempo desejava estar mais
envolvido com filme, tanto dirigindo quanto atuando. Ele também estava interessado
em fazer um álbum clássico e um livro infantil. “Eu acho que isso será
totalmente diferente do que eu já fiz antes”, ele previa. “A ideia é levar isso
um passo adiante e inovar ou, se não, por que mais eu estou fazendo isso? Eu
não quero ser apenas outro que pode entrar na linha de montagem.”
Invincible foi, incialmente, marcado para ser lançado em nove de
novembro de 1999. Pra frustação dos fãs, no entanto, o álbum foi adiado
repetidamente e não seria lançado por dois anos ainda. “Eu estou colocando meu
coração e alma dentro [do álbum]’, ele disse em uma entrevista naquele ano,
“porque eu não tenho certeza se farei outro depois desse... Esse será meu álbum genuíno, eu acho”.
Foram-se os simples dias de gravar em um único local. Começando em 1997,
Jackson trabalhou em estúdios pelo mundo, desde Montreux, Suíça, a Nortfolk,
Virgínia (onde Teddy Riley estava locado). Ele também gravou em Los Angeles,
Nova Iorque, e no The Hit Factory em Miami (onde a maior parte do trabalho
dele com Rodney Jerkins foi completada).
A lista de colaboradores de Jackson para Invincible, parecia nunca terminar. Em vários estágios, ele
trabalhou com Teddy Riley, Dr. Freeze, Babyface, R. Kelly, Will Smith, Puff
Daddy, Boyz II Men, K-Ci & Jojo,
Carole Bayer Sager, David Foster, Tom Bahler, Walter Afanasieff, Lenny Kravitz,
Wyclef Jean, Floetry, Brandy, Sisqo e Santana, entre outro. Ele também manteve os
serviços dos parceiros de longa data, Brad Buxer, Bruce Swedien para trabalhar
ao lado de novatos como Struart Brawley, George Mayers e Harvey Mason Jr.
Talvez o maior contribuidor, no entanto, acabou sendo o jovem produtor Rodney “criança
negra” Jerkins. O filho de um ministro de Nova Jersey, Jerkins conseguiu a
estreia dele com ninguém menos que o Rei do New
Jack Swing, Teddy Riley. Ele, subsequentemente, produziu músicas para
alguns dos artistas mais quentes no fim dos anos noventa, incluindo Destiny’s Child, Brandy, Monica e
Jeniffer Lopez.
Jerkins ficou entusiasmado pela possibilidade de trabalhar com Michael
Jackson. “[Michael] é o melhor”, ele disse em uma entrevista em 2000. “Não há
outro artista ao nível dele – e eu trabalhei com muitos. É maravilhoso
trabalhar com ele porque ele sabe exatamente o que ele quer... Ele é tão
inovador – ele não quer a coisa comum que as pessoas tocam no rádio o tempo
todo e ele é muito colaborativo. Tudo tem que estar do jeito que ele quer.”
Na verdade, embora Jerkins estivesse fortemente envolvido como produtor
e coescritor em várias faixas, Jackson continuou a atuar – como ele fez em Dangerous e History – como produtor executivo para o álbum. “Ele estava super
vocal”, recorda Jerkins. “Ele era tão colaborativo. Eu estou falando desde
sobre ser determinado, a tudo. A qualidade de som era tão importante para ele.
Ele olhava para tudo sob microscópio, como ‘A meia frequência está de mais’ –
ele era muito técnico. Ele costumava dizer sempre: ‘Melodia é Rei’, portanto,
ele realmente focava na melodia.”
Duarte 1999 e 2000, Jackson e Jerkins escreveram e gravaram músicas
juntos. O papel de Jerkins era muito similar ao de Teddy Riley em Dangerous: ele estava lá para ajudar
Jackson a desenvolver um novo “som” para as faixas rítmicas. Jackson, na
verdade, pagou a Jerkins dinheiro o bastante para garantir que ele não
trabalhasse com ninguém mais por três anos (embora Jerkins acabasse por produzir
um álbum de Brandy no fim). Por essa época, eles desenvolveram um próximo
relacionamento de trabalho e pelo início de 2000, eles já tinham criado,
aproximadamente, trinta faixas juntos.
A primeira bateria de músicas, de acordo com Jerkins, era mais os sons vintages de Jackson, incluindo “You Rock
My World”. Jerkins, como outros afiados produtores de R&B e hip-hop da
época, estava começando a retornar ao
disco, no fim dos anos setenta, soul e funk, para inspiração. Na verdade, por
essa época, a direção de Jackson também já tinha oferecido vários sons-retrôs grooves da talentosa dupla de produtores Neptunes. Eles, entretanto, aparentemente,
não sentiam que elas eram apropriadas. Os Neptunes
acabaram gravando as músicas – as quais incluem os Top Ten hits “Señorita” e “Rock You Body” – com Justin Timberlake
para o álbum de estreia dele, Justified.
(De acordo com o membro do Neptunes,
Pharrell, Jackson tinha um grande senso de humor sobre a gerência dele ter
dispensado as músicas.)
O incidente, no entanto, simbolizou um debate interno desde o começo: o
álbum deveria olhar para frente ou para trás (ou ambos)? Jackson gostava de Off the Wall e sabia que muitas pessoas
iriam ficar entusiasmadas se ele o reciclasse, mas ele odiava a ideia de fazer
algo que ele já tinha feito. Jackson disse a Jerkins que ele queria algumas
músicas clássicas, vintages, mas ele
queria que o álbum, num todo, fosse “futurístico”. Em certo ponto, depois que
eles tinham estado trabalhando por mais de um ano. Jackson, na verdade, sugeriu
que eles jogassem tudo fora e começassem do rascunho. Jerkins ficou chocado.
A preocupação de Jackson com o som dele se estendia a como ele era gravado
e engenhado. Enquanto muitos produtores estavam mudando para gravação digital,
Jackson queria manter o calor da analógica. “Ele tinha um pouco de medo de Pro Tools”, disse Rodney Jerkins. “Nós
tentamos fazê-lo usar isso, mas ele não queria seguir esse caminho ainda. E eu
entendo: Ele veio da escola do analógico.” O novo time de engenheiros usaram Pro Tools para manejar as faixas para Invincible, algumas das quais tinham,
pelo menos, trinta versões diferentes. Parte do desafio para Jackson era tentar
balancear o desejo de inovar dele (tecnologicamente, sonoramente), com a riqueza
de experiência e conhecimento que ele tinha aprendido sobre gravar com pessoas
como Quincy Jones e Bruce Swedien.
Não era tarefa fácil. Havia enorme expectativa de todos os lados – das
gravadoras, dos colaboradores, dos fãs, mas mais significativamente, dele mesmo!
“De todos os meus álbuns eu diria que este foi o mais difícil [de fazer]”, Jackson
reconheceu em 2001. “Eu fui mais duro comigo mesmo. Eu escrevi tantas
músicas... Eu não tinha filhos antes de outros álbuns, assim eu peguei um monte
de resfriados; eu fiquei doente um monte de vezes... Portanto, nós tivemos que
parar e começar de novo e parar e começar.”
Alguns dias ele e Jerkins, supostamente, trabalharam 16 a 18 horas por
dia no estúdio, gravando material sem parar. “Eu pressionei Rodney” reconheceu
Jackson, “e o pressionei e pressionei e pressionei e pressionei para criar,
para inovar mais. Para se mais pioneiro. Ele é músico de verdade e é muito
dedicado e é realmente leal. Ele tem perseverança. Eu não acho que eu tenho
visto perseverança como a dele em ninguém. Porque você pode pressioná-lo e
pressioná-lo e ele não fica com raiva.” Na verdade o desafio para Jerkins,
embora frustrante, em tempos, era, também, revigorante. Trabalhar com Jackson
requeria paciência, mas ele estava extasiado pelo resultado. “Tudo que posso
dizer a você”, Jerkins disse na época, “é que este é um som que você nunca
ouviu antes na sua vida. Definitivamente diferente de tudo o mais. Será o melhor
álbum que ele já vez”.
Todos que trabalharam com Jackson em Invincible
retornaram com críticas incandescentes. “Nós pensamos que conseguimos o próximo
‘Thriller’”, disse o ex-membro do Jodeci, DeVante, que trabalhou em várias
potenciais faixas (nenhuma das quais foi incluída no álbum). R. Kelly, que
escreveu e coproduziu o hit número 1
de Jackson “You Are Not Alone”, escreveu cinco potenciais músicas para Invincible. “Se ele escolher apenas duas eu
ficarei muito feliz”, ele disse. (Jackson, por fim, escolheu “Cry”, para o
corte final.)
Enquanto a trilha sonora final de Invincible
contém abundantes dezesseis músicas, alguns materiais notáveis ficaram de fora,
incluindo o trabalho com DeVante, Dr. Freeze, Lenny Kravitz, Brad Buxer e
Jerkins (incluindo “Can’t Get Your Weight Off of Me”, “Escape” e “We’ve Had Enough”).
Com tal profundo bem de material, Jackson poderia ter seguido inúmeras direções
com o álbum. Ele estava experimentando em uma gama de estilos. Uma música com
Lenny Krevitz – “Another Day” – era uma cósmica música neo-funk rock, que era diferente de tudo que Jackson tinha feito. Várias
músicas com Brad Buxer – incluindo “Beatiful Girl”, “The Way You Love Me” e
“Hollywood Tonight” – poderiam ter, facilmente, sido escolhidas. O mesmo pode
ser dito de duas notáveis músicas que são colaborações de Dr. Freeze: “Blue
Gangsta” e “A Place With No Name”. Outra linda outtake foi “Fall Again”, uma balada única, contagiante, escrita
por Walter Anasief e Robin Ticke, mas nunca completamente finalizada.
Uma das primeiras faixas a ser mencionadas para o álbum foi o tema “I
Have This Dream”, uma colaboração com Carole Bayer Sager e David Foster. Sager
descreveu a faixa como “uma música para nos levar para dentro do ano 2000 com
esperança”. A música, no entanto, no fim, não fez parte de Invincible. Também ausente foi o hino para caridade de Jackson,
escrito em 1998, “What More Can I Give”. Desnecessário dizer, Jackson,
facilmente, tinha ótimo material para fazer de Invincible um álbum duplo.
O perfeccionismo de Jackson não apenas impediu muitas músicas ótimas de
ser incluídas, mas continuou a adiar o lançamento de Invincible. Enquanto o verão de 2001 se aproximava, os fãs de
Jackson (para não mencionar os executivos da Sony) estavam ficando mais impiedosos pela longa promessa de um
novo álbum. Ele esteve gravando, intermitentemente, por quase quatro anos,
agora, e gastou uma quantia estimada de 30 milhões de dólares, mas continuava
se sentindo insatisfeito. Aquele verão, no entanto, sob extrema pressão, ele
finalmente escolheu a trilha sonora final de músicas e deixou seguir.
Mais tarde naquele verão, a data de lançamento de Invincible foi, finalmente, determinada
(20 de outubro de 2001), e o excitamento começou a crescer. “Eu estava gravando
do outro lado da sala dele no Hit Factory”,
disse o cantor Luther Vandross, “e você deveria escutar o barulho. Os
engenheiros assistentes, que é um ótimo monitor, um ótimo padrão para se é
quente ou não. Eles voltaram e disseram: ‘Oh, é quente, é ótimo, a música está
realmente soando bem, todo mundo vai adorar’”.
Os executores da Epic e Sony estavam animados com o produto
final. “Michael está cantando melhor que nunca”, o presidente da Epic, David Glew, confidenciou. “As
baladas! As baladas são lindas e elas estão todas lá. As músicas de dança são
cheias de melodia. Nós vamos lançar um single
no meio de julho, pelo menos 8 semanas antes de o álbum chegar nas lojas.
Michael fez o trabalho dele, agora nós temos que fazer o nosso. Trata-se de
como fazer propaganda”. O presidente da Sony,
Tommy Mottola, chamou o álbum “algumas das melhores músicas que Michael Jackson
fez”.
Enquanto os dias para o lançamento de
Invincible se aproximavam, variavam as previsões sobre como ele seria
recebido. Alguns sentiam que o clima das músicas faria o álbum alcançar o
sucesso; outros sentiam que o álbum não poderia competir com o teen pop e R&B contemporâneo, que apelavam aos novos ouvintes. “O problema
que ele enfrenta, agora, é alcançar uma audiência que não sabe quem ele é”,
disse o editor musical da Rolling Stone,
Joe Levy. “Esta é a primeira vez que ele tem que experimentar e se conectar com
um público que não cresceu com ele... Isso é similar ao que Elvis enfrentou na
época do o especial de retorno dele em 1968. Jackson está em uma posição onde
[os consumidores de música] ou não sabem quem ele é ou não se importam ou o
consideram um arremate para uma piada. Mas Elvis provou que eles estavam
errados. Quando ele queria que eles se importassem com a música, ele podia
fazer um bom trabalho. Parece-me possível que Michael Jackson faça exatamente a
mesma coisa.”
Michael Jackson, certamente, provou exatamente isso, quando ele subiu no
palco do Madison Square Garden, em
Nova Iorque, naquele setembro. Os concertos de Nova Iorque, que venderam todos
os ingressos dentro de horas, comemoravam os trinta anos de Jackson como um
artista solo. Era a primeira vez dele performando na ilha principal em mais de
onze anos. Quase toda a indústria no entretenimento veio para testemunhar o
“grande retorno” e prestar homenagem. A lista de convidados e artistas incluía
lendas como Quincy Jones, Diana Ross, Ray Charles, Gladys Knight e Whitney
Houston; ícones da tela como Elizabeth Taylor, Marlon Brando e Liza Minelli; e
uma nova geração de artistas, incluindo Beyoncé, Justin Timberlake, Usher,
Alicia Keys, Miss Eliot, Rick Martin, Britney Spears, Puff Daddy e Jay-Z, além
de centena de outros.
Nos dias que antecederam aos concertos, o excitamento na cidade – e na
indústria da música – era palpável. “Eu penso que isto mostra o quanto as
pessoas são loucas por Michael. Elas queriam vê-lo, então as pessoas estavam
tentando [imitá-lo], porque eles queriam muito vê-lo”, disse um membro do Destiny’s Child, Kelly Rowland. “O mais
próximos que nós temos [na América] de realeza é Michael Jackson”, disse a
estrela de hip-hop, Sisqo.
Jackson não desapontou. Depois de um par de horas um pouco entediantes
de tributo, ele subiu ao palco com os irmãos dele, pela primeira vez, desde a Victory Tour em 1984. A atmosfera na
arena estava elétrica, quando eles executaram um medley de música clássicas do Jackson 5. Quando Michael apareceu em
silhueta para a performance solo dele, o telhado quase veio abaixo. Aos quarenta e três anos de idade, ficou
claro, para todo mundo, que Michael Jackson ainda arrasava.
Jackson posa com o amigo e ator Chris Tucker,
quem apareceria no vídeo dele para “You ock My World”.
Condensado e exibido pela CBS, dois meses depois, os concertos foram
assistidos por mais de vinte e cinco milhões de telespectadores, o maior
especial musical em uma rede de televisão em mais de seis anos. Isso foi um
prometido começo para o longamente esperado retorno de Jackson. Infelizmente, a
manhã seguinte viu o caos e destruição de 11/9. De repente, a música pop, além de muitas outras coisas,
parecia supérflua e tomou um lugar secundário, enquanto as pessoas tentavam se
reorientar e se recuperar do trauma.
Jackson performando o clássico dele “The Way You
Make Me fell” com a Pop star Britney Spears para o 30th
Aniversary Special dele no Madison Square Garden.
Apesar de receber avaliações mornas dos críticos, Invincible vendeu uma saudável quantia de 366.300 cópias na
primeira semana, apenas nos Estados Unidos, (onde muitos previram que ele
fracassaria). Dentro de cinco dias, ele tinha, alegadamente, vendido três
milhões de cópias globalmente.
O público, no entanto, parecia responder de forma meio indiferente ao
primeiro single de Jackson, “You Rock
My World”. Embora o single tenha
alcançado a 10º posição na Billboard Hot
100, foi criticado por não ser particularmente original ou novo, especialmente
dado o quanto o álbum foi aguardado. “You Rock My World” foi o único single líder de Jackson, como artista
solo, a não chegar ao Top Five nos Estados
Unidos. (O single se saiu muito
melhor internacionalmente, chegando a 2º posição no Reino Unido e em 1º na
França). O vídeo para a música apenas reforçou que os dias visionários de
Jackson tinham ficado para trás. Dirigido por Paul Hunter (que tinha trabalhado
com Mariah Carey, Will Smith e a irmã de Michael, Janet) parecia uma pobre imitação
de “Smooth Criminal”, desta vez, filmado em Cuba. Apesar de participações especiais do
comediante Chris Tucker e lendas da tela, como Marlon Brando, o vídeo nunca
decolou realmente. É claro, não foi apenas o problema com o vídeo em si. Por
essa época, vídeos musicais, em geral, não tinham mais o impacto que eles
tinham nos anos oitenta e início dos anos noventa. MTV e VH1 tinham mudado
mais em direção a reality televisions,
enquanto o youtube ainda não existia.
De acordo com aqueles próximos a Jackson, ele também não estava feliz
com o álbum. Ele também não estava feliz com a sequência de singles da Sony (ele preferia lançar “Unbreakeble” primeiro). Atrás das cenas,
problemas muito mais sérios estavam em ebulição. Uma rixa grande se desenvolveu
entre Jackson e o cabeça da Sony, àquela época, Tommy Mottola. As apostas
tinham atingido o ponto de Jackson ameaçar deixar a Sony, enquanto Tommy Mottola informou ao cantor que ele estava preso
por cláusulas no contrato.
Dentro de meses, apesar do promissor começo. Invincible começou a cair nos charts
e a Sony, abruptamente, encerrou a
promoção. “Butterflies”, que estava agendada como um lançamento de single, atingiu a 2º posição nos charts R&B tocando sozinha no ar, mas a Sony atrasou e acabou cancelando o lançamento dela. Também foi
cancelado o vídeo para “Unbreakable” e uma planejada performance para “Whatever
Happens” no Grammy.
Os fãs ficaram perplexos e irados. Invincible
tinha, alegadamente, vendido cinco milhões de cópias em todo o mundo nos
primeiros meses. Então, o que estava acontecendo? A Sony já estava desistindo do álbum? Michael estava cansado de
trabalhar nele?
Os dois álbuns de estúdio anteriores de Jackson, Dangerous e HIStory,
foram promovidos por quase dois anos, Invincible
foi abandonado depois de menos de dois meses (embora Mottola, apenas meses
antes, ter dito que ele era o melhor trabalho de Jackson desde Thriller). Jackson estava,
justificadamente, irado. Ele sentia que Mottola o tinha usado e traído. De acordo
com uma fonte, Mottola ameaçou “arruinar” Jackson. “não ameaças físicas”, a
fonte disse à Fox News, “mas
certamente a ameaça de que Michael seria destruído e a carreira dele estaria
acabada se ele não concordasse com os termos de Tommy”.
O produtor Rodney Jerkins lamentou que todo o trabalho duro que ele e
Jackson colocaram no álbum estava, agora, sendo abandonado, em razão de uma
poderosa batalha. “Eu penso que isso é um beco sem saída”, ele disse, “porque
não há promoção, não há vídeo. Se não há nada para promover ou vir, como você
pode vender álbuns?” A Sony até mesmo
se recusou a distribuir o single para
caridade de Jackson, “What More Can I Give”, que deveria arrecadar dinheiro
para os sobreviventes do 11/9. “Eu gostaria de ver a Sony, pelo menos, ter a decência de deixar uma gravadora, terceira
parte neutra, lançar as músicas”, disse o produtor executor Marc Shaffel. “todo
mundo que tinha ouvido duas músicas sentiram que ambas eram hits número um e que elas arrecadariam
muito dinheiro para causas beneficentes”.
Enquanto os motivos de Tommy Mottola para cancelar as promoções pra Invincible tenham sido objeto de imensa especulação,
a verdade continua, de alguma forma, obscura. Alguns sentiam que o motivo
principal era dar o troco pela enorme soma de dinheiro que Jackson tinha
gastado fazendo Invncible; outros
alegaram que Mottola estava atrás do famoso catálogo dos Beatles. O que é sabido, como certeza, é que a disputa atingiu um
nervo sensível para Michael Jackson. Isso não eram apenas negócios para ele;
era traição pessoal. Desde os dias dele na Motown,
ele tinha trabalhado sem descanso na arte dele e colocado o coração e a alma
dele na carreira. Nesse processo, ele tinha feito bilhões de dólares para
gravadoras, incluindo a CBS/Epic e Sony, que o tinham firmemente apoiado.
Agora, ele sentia, esse apoio tinha acabado. De muitas formas, o mau tratamento
era uma repetição do trauma que ele sentiu com o pai dele: ele sentia que ele
era um fantoche, um produto, explorado infinitamente pelo que ele podia
oferecer, mas não recebia a básica dignidade de um artista respeitado. A dor
ficou pior quando muitos antigos amigos e colegas ficaram do lado de Mottolla.
Como em 1993, Jackson se sentiu abandonado, quando ele mais precisou de apoio.
A questão racial mais que exacerbou a situação. Michael Jackson estava
bem consciente da história de artistas negros na indústria da música. Desde
Chuck Berry a Little Richard, Bo Diddley a Jack Wilson, Jackson viu
revolucionários artistas afro-americanos não apenas menosprezados em proporção
ás realizações deles, mas explorados pelas gravadoras brancas. Ele assistiu ao
herói dele, James Brown, sair em turnê com idade avançada para fazer dinheiro,
porque executivos brancos possuíam os direitos e royalties das músicas que fizeram dele uma lenda (isso, na verdade,
foi uma razão para que Jackson – com a ajuda do advogado John Branca – não
apenas se certificasse de que ele possuía todo o material dele próprio, mas
também, ativamente adquirisse direitos autorais das músicas de outros
artistas).
Michael Jackson sentia tão fortemente que o caso dele era parte de uma
ampla evolução de racismo e exploração na indústria da música, que ele começou
a defender o caso dele publicamente.
Isso foi uma rara atitude de manifesto político para o cantor. Na
conferencia de imprensa, no Harlem,
para a National Action Network,
apoiado por Jhonnie Cochran e Al Sharpton, Jackson estabeleceu o caso dele:
É muito
triste ver que estes artistas realmente estão sem um centavo, porque eles
criaram tanta alegria para o mundo. E o sistema, começando com as gravadoras,
totalmente tira vantagem deles... E preciso que vocês saibam que isto é muito
importante, pelo que nós estamos lutando, porque eu estou muito cansado – eu
estou realmente, realmente cansado da manipulação... Eu estou aqui para falar
por toda a injustiça. Vocês precisam se lembrar de algo, o minuto que eu
comecei a quebrar os recordes de todos os tempos de vendas – eu quebrei os
recordes de Elvis, eu quebrei o recorde dos Beatles
– o minuto em que [eles] se tornaram os álbuns mais vendidos de todos os tempos
na história do [Guinness World Records],
da noite para o dia, eles me chamaram de aberração, eles me chamaram um
homossexual, eles me chamaram de abusador de crianças, eles disseram que eu
tentei clarear minha pele. Eles fizeram tudo para tentar jogar o público contra
mim.
“Eu estou cansado –
eu estou realmente, realmente cansado da manipulação.”
Jackson no set do MTV’s Total Request Live com Carson Daly.
Depois de uma inicial de markenting.Todas as promoções,
singles e vídeos para Invincible foram cancelados devido a
uma rixa entre Jackson e o, então, cabeça da Sony, Tommy
Mottola.
Embora houvesse muitos que vissem algumas hipérboles nas alegações de
Jackson, houve uma significante quantidade de verdades no maior ponto que eles
estavam fazendo. Independentemente do pigmento da pele dele, Jackson, claramente,
continuava se identificando com as lutas dos artistas afro-americanos e
músicos. A maioria na mídia, no entanto, simplesmente desdenhava as queixas
deles como uvas azedas, porque o álbum dele não tinha se saído tão bem quanto
esperado.
Independentemente da controvérsia e a decepção em torno de Invincible, como Jackson colocou: “A
música é o que vive e dura”. E muito de Invincible,
em retrospecto, continua soando muito novo e impressionante.
O padrão para Michael Jackson, é claro, sempre foi ele mesmo. Um álbum
poderia ter várias músicas muito boas (como Invincible
tinha), mas se não vendesse cinquenta milhões de cópias e produzisse uma
sequencia de # 1 hits, era rotulado
de fracasso. “O fato de que [Michael Jackson] é um grande músico está agora
esquecido”, observou o crítico musical Robert Cristgau em 2001. “Eu uso a
presente tensão porque a) as habilidades dele parecem intactas e b) como
somente Frank Kogan tem escutado objetivamente o suficiente para observar, ele
está fazendo coisas novas com elas – o funk
dele está afiado e as baladas, mais leves, ambos para efeito inquietante.”
Na verdade, desde o “minimalismo R&B
ligeiro, durável” das faixas a frente do tempo, à rica sentimentalidade dos grooves meio-tempo e à emoção e pureza
do vocal das baladas dele, Invincible continuou
a mostrar os talentos únicos e diversos de Jackson.
A parte frontal foi carregada com faixas rítmicas afiadas, corajosas,
criadas para atrair uma nova geração de ouvintes. “Unbreakeble” e “Heartbreaker”,
ambas coescrtitas com Rodney Jerkins, são, sonoramente, músicas explosivas que
representam o funk-techno do novo
milênio. O tempo é balanceado com suave jam
retrô como “Heaven Can Wait” e “Butterflies” e baladas sublimes como
“Speechless”. Mark Anthony Neal descreveu o álbum como “um retorno de alguns
dos tipos de sólidos R&B contagiantes
que marcaram o melhor das gravações de Jackson com os irmãos dele e a estreia
‘adulta’ dele com Off The Wall.”
Tematicamente, o álbum tem um segmento similar ao de Dangerous, começando com a determinação e desafio de “Unbreakable”,
chegando ao ápice com a transcendência pessoal de “Speechless” e “You Are My
Life”, mudando para a consciência social de “Cry” e “The Lost Children” e terminando
com a provocativa reviravolta de “Threatened”.
Jackson no set do único vídeo musical dele para Invincible, Your Rock
My World.
Um dos principais debates sobre Invincible,
contudo, teve a ver com a lista de produtores dele. Alguns sentiam que a “irregularidade”
foi devido a “muitos cozinheiros na cozinha” e acreditavam que Jackson teria
sido mais bem servido apenas fixando com um ou dois produtores. “Butterflies”,
argumentou Mark Anthony Neal, “é o melhor exemplo de por que o investimento de
Jackson em Jerkins foi um equívoco tão grande, pois [Andre] Harris e outros
fragmentos do campo do “Toque de jazz” poderiam ter, legitimamente, feito todo
o projeto, eles mesmos.” Outros sentiam que Teddy Riley, parceiro de Jackson em
um dos mais criativos trabalhos dele (Dangerous),
colaborou com uma das faixas mais convincentes do álbum. “Teddy Riley prova,
com apenas duas músicas, que ele é uma centena de vezes o jovem compositor
descolado inundando a maior parte deste álbum”, escreve Nikki Transter. “Enquanto
as batidas jocosas das faixas de Jerkins, absolutamente, são funk e divertidas, é o trabalho
influenciado de Riley, como ‘Whatever Happens’ e ‘Don’t Walk Away’, que são mais
intrigantes e que fornecem a Jackson o ambiente para experimentar liricamente,
vocalmente e instrumentalmente.”
No fim, entretanto, parecia que o argumento de alguém pelo melhor
produtor ou melhor visão do álbum tinha mais a ver com as preferências
estéticas. Na verdade, todos os principais colaboradores de Jackson – Rodney
Jerkins, Teddy Riley, R. Kelly, Floetry e Babyface – eram enormemente
talentosos; mas juntos, os trabalhos deles parecia desordenado para alguns
ouvintes. O próprio Jackson reconheceu, mais tarde, que ele pode ter trabalhado
demasiadamente no álbum e deixado de fora alguns dos primeiros materiais que
deveriam ter continuado.
O legado de Invincible,
portanto, ainda é, de alguma forma, indefinido. O impacto cultural dele foi
relativamente mínimo em relação ao lançamento inicial dele. O médio ouvinte de
música iria, provavelmente, reconhecer uma ou duas das músicas dele. Em adição,
diferentemente dos álbuns anteriores, não houve nenhuma interpretação visual
para associar a ele através de vídeos musicais ou performances. Ele foi um
álbum assolado por controvérsias, expectativas não satisfeitas e decepções.
Contudo, o álbum vendeu mais de dez milhões de cópias e foi recentemente
votado “o melhor álbum da década” pelos leitores da Billboard.com. Muitas das músicas, da mesma forma, nunca ouvidas na
época, são redescobertas pela nova geração sem a bagagem e distrações que,
antes, as acompanhavam. Para os fãs de Jackson, igualmente, o álbum Invincible e as músicas excluídas dele
são um verdadeiro tesouro subestimado de material, que representa o último
trabalho, totalmente realizado, de Jackson.