“Se você quer ver/ Excêntricas esquisitices/ Eu serei grotesco diante dos seus olhos.”
MICHAEL JACKSON, “IT IS SCARY”, 1997
LANÇADO:
20 de maio de 1997
PRODUTOR:
Michael
Jackson
Contribuidores Notáveis: Teddy
Riley (produtor/compositor), Jimmy Jam e Terry Lewis (produzindo/compondo),
Brad Buxer (sintetizadores/ teclado), Bryan Loren (compondo/ teclado), Andraé
Crouch Singer Choir (vocais), Slash (guitarra), Mick Guzayski
(engenharia/mixagem)
SINGLES: “Blood On The dance Floor”, “Ghosts”, “Is It Scary”
ESTIMADAS
CÓPIAS VENDIDAS: 6 milhões
CAPÍTILO 6 BLOOD ON THE DANCE FLOOR:
HISTORY IN THE MIX
Apenas dois anos depois do lançamento de HIStory, veio um inesperado post-scriptum: uma coleção híbrida de
cinco novas músicas e oito remixes intitulada Blood on the Dance Floor: HIStory in the Mix.
O álbum foi, de muitas
maneiras, uma anomalia para o Rei do Pop. O lançamento dele, nos Estados Unidos,
foi praticamente despercebido. Não houve nenhuma revelação, nenhuma promoção,
não houve grandes vídeos musicais ou hit
singles (ele se saiu muito melhor no exterior, particularmente na Europa,
onde recebeu propaganda e divulgação muito melhor). Porque todas as músicas
foram escritas durante as sessões de Dangerous
e HIStory, Blood on the Dance Floor não recebeu a demorada e torturante
atenção e tempo que Jackson, normalmente, dá aos projetos dele. A arte
continuava tão elevada quanto sempre, mas o álbum parece mais cru, mais experimental,
e sem toda a campanha publicitária e expectativa que, tipicamente, acompanhavam
um álbum de Michael Jackson.
Ironicamente, o
discreto lançamento – e o “desaparecimento” do cantor, enquanto ele viajava
pelo mundo em turnê – permitiu que alguns críticos, verdadeiramente, prestassem
atenção ao considerável mérito das músicas. Rolling
Stone chamou-o de, sem dúvida, o “álbum mais revelador” dele. Outros o
viram como uma superação criativa. “O canto dele nas primeiras cinco faixas do
novo material nunca foi tão atormentado ou audacioso”, observa Armond White. “Blood
on the Dance Floor tem a vitalidade de uma inteligência que se recusa a ser
aplacada... [Blood on the Dance Floor]
é uma superação, um desafio ao conceito de inócuos Blacks pop.”
A caracterização de
White é inteligente. Neste estágio da vida e carreira dele, Jackson tinha pouco
interesse em criar produtos de rádio bobos, formulados (1997 viu músicas como “Wanna
Be” das Spice Girls e “MmmBop” do Hansens nos charts). Em contraste, Blood
on the Dance Floor explora complexo psicológico e questões sociais,
incluindo vícios, obsessões sexuais, anormalidade e medo.
Na verdade, continuando
onde as faixas mais intensas de HIStory termina,
o álbum está sempre chocando pela franqueza, consciência e inovação sonora dele.
“Há, realmente, dor e emoção nestas novas músicas”, escreve Neil Strauss, do New York Times. “Mantendo o humor
sombrio de Jackson, a música se tornou mais irada e indignada. Com batidas quebrando
como chapas de metal, e sintetizadores que soam assobiando como gás
pressurizado, isto é funk
industrial... Criativamente, Jackson tem entrado em um novo reino.”
De muitas formas, Blood on the Dance Floor pode ser visto
como um álbum mini conceito. Enquanto sonoramente eclético – ele incorpora
elementos de house, industrial, techno, funk, Gótico e pop
operístico – ele é, essencialmente, uma exploração da decadência. Desde medo e traição
na faixa título, ao desespero de “Morphine”, à lamentação de “Superfly Sister”,
à metafórica cápsula de horror de “Ghosts” e “Is It Scary”, Jackson está
acessando um mundo de medo, corrupção e confusão. Ele é, sem dúvida, o álbum
mais sombrio dele, ainda mais que HIStory,
pois ele luta pela sanidade em meio à limitadora pressão e ansiedade. A única
verdadeira lasca de esperança é que ao segurar um espelho para o “grotesco”, a
sociedade pode ver a si mesma pelo que ela é, e mudar. Isso é parte do ponto da
pedra angular do álbum, “Is It Scary”. Contudo, em Blood on the Dance Floor, não há hinos de bons sentimentos,
explicitamente, pedindo por tal mudança. Blood
é uma visão sombria, mas ele é, também, um dos mais convincentes trabalhos
da carreira de Jackson.
Apesar da relativa
pouca visibilidade dele, Blood on the
Dance Floor se tornou o álbum de “remixes” mais vendido de todos os tempos,
como uma estimativa de onze milhões de cópias vendidas. Os oito remixes, todos
derivados de HIStory, são, principalmente,
remixes de boates desenvolvidos pelos produtores Jam e Lewis, Frankie Knuckles
e Wyclef Jean. Desses, o destaque é a reformulada infusão reggeae de “2Bad” e a variação funky
de “Scream”, de Jam e Lewis (intitulada “Scream Louder”).
Em termos de reavaliação
crítica, o foco será, indubitavelmente, nas cinco canções originais, o que
forma um tipo de EP conceito, assim
como o acompanhante curta-metragem Ghosts,
a sequência mais socialmente apontada de Jackson para Thriller.
Jackson no filme de tema Gótico, “Ghosts”. Blood on the Dance Floor foi o trabalho mais sombrio de Jackson até àquela data.
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