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segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

M Poetica: A Arte de Desafio e Conexão de Michael Jackson: Dirty Diana


 

Dirty Diana


 

Jackson continua a explorar essas ideias em “Dirty Diana” do álbum de 1987 dele, Bad, nessa música tardia, Meu Bem está em casa, esperando por ele, enquanto ele sai à noite para se apresentar no palco. Desta fez, a outra mulher no triangulo é Diana, uma groupies que trama apara pegá-lo e outros músicos. O que faz de “Dirty Diana” uma música Michael Jackson tão distintiva, no entanto, é o complexo de emoções. Na longa estrofe do meio, ele muda a perspectiva de condenar a opinião do público dela – “Ela gosta dos garotos da banda [Ela é] fã de todo músico depois que as cortinas descem” – para ver a situação mais do ponto de vista dele. Na verdade, no fim dessa estrofe, ele primeiramente fala na voz dela – “Eu quero ir tão longe/ Eu serei seu tudo se você fizer de mim uma estrela” – como se ele tentasse entrar na mente dela e entender o que a motiva.

Este foco na perspectiva de Diana e o que a guia a agir como ela age é prenunciado em formas interessantes por um incidente quando Jackson tinha 14 anos de idade. Ele parou uma jovem garota, Rhonda, no caminho dela de encontrar um dos irmãos dele, como ela mais tarde disse ao biografo de Jackson, Randy Taraborrelli. Em um artigo para o Daily Mail, Tarborrelli recriou a conversa deles:

“Não vá”... Michael implorou a ela.

Rhonda perguntou por que não. “Meus irmãos não tratam as garotas muito bem”, ele respondeu. “Não vá.”

Rhonda ignorou o conselho dele e foi conduzida para fora, menos de uma hora mais tarde, se sentindo absolutamente usada.

Ela estava descendo a rua quando uma limusine branca Rolls Royce apareceu. Michael saiu e perguntou se ela tinha feito sexo com o irmão dele. “Sim”, ela respondeu e começou a chorar.

“Ele fez você fazer isso?”, ele perguntou. “Não”, ela disse. “Eu quis.” “Você quis?”, disse um atônito Michael. “Mas por que você iria querer?”

Essa é um pergunta interessante: por que uma jovem mulher se colocaria em uma posição de ser ferida e humilhada, especialmente quando ele a atinha avisado de que isso aconteceria. O que exatamente ela estava pensando? O que a motivou?

Quando Jackson e os irmãos dele estavam começando, o pai deles os levou para se apresentar em qualquer lugar que ele pôde e não era incomum para eles ser o ato de abertura em boates que apresentavam strippers e travestis. Em uma entrevista em 1977, um jovem Jackson descreveu um estático Jackson ainda mais jovem assistindo a um desses atos: “Eu tinha por volta de seis, e ela estava em um desses strip-teasers e ela tirou a lingeries dela e um homem viria e eles começariam a fazer: ah, cara, ela é tão demais”. Portanto, desde uma tenra idade, Jackson teve um complexo ponto de vantagem a partir do qual ver sexualidade humana – como arte, ilusão, poder e competição, comércio e negociação, bem como desejo. Groupies e fãs obsessivas logo se tornar uma parte sem fim da vida de Jackson também, complicando essa visão dele ainda mais.

Em “Dirty Diana”, Jackson descreve groupies e a humilhação em que elas se colocavam em termos absolutos. Como Diana diz: “Faça o que você quiser... eu serei a aberração que você pode insultar”. Mas, então, ele olha para as dinâmicas a partir do ponto de vista dela, procurando responder a uma pergunta que ele fez quando um menino de 14 anos de idade, tentando proteger uma groupies de ter os sentimentos dela feridos: por quê? Por que ela faz isso? A resposta de Jackson é que, ironicamente, ela vê isso como uma forma de conseguir respeito, juntamente com refletida fama e um escape para os problemas de todo dia: “Ela espera... por aqueles que têm prestígio/ Que prometem fortuna e fama, uma vida que é tão livre de problemas”. E ela quer ser “uma estrela” ela mesma, ou, pelo menos, capturar um pouco de poeira de estrela do artista.

Importantemente, a resposta que Jackson sugere em “Dirty Dina” é muita humana. Muitos de nós queremos respeito e apreciaríamos uma vida sem problemas se tal coisa fosse possível, e o próprio Jackson poderia, certamente, se identificar com esse desejo de ser uma estrela. Nós podemos nos sentir desconfortáveis com Diana e quer diferenciá-la de nós, mas Jackson rejeita isso. Ele não nos permite simplesmente dispensá-la como uma demente perseguidora ou uma enlouquecida viciada em sexo. Na verdade, se nós aceitarmos os motivos que Jackson atribui a ela – um anseio por respeito, conforto, segurança e fama – nós não podemos negar que ela é uma de nós.

Jackson, dessa forma, trabalha para humanizar Diana, mas ironicamente isso a torna mais perigosa para ele, desde que isso diminuiu a distancia emocional entre eles. Se você pode se convencer de que alguém é um monstro, algo não humano, é mais fácil ignorá-lo, ou simplesmente usá-lo e ir embora. Isso é mais difícil quando você começa olhar para eles com empatia e entendimento.

Assim como com Billie Jean, o protagonista encontra-se emocionalmente atraído por Diana – poie ele diz “Ela me amarrou no coração dela” – e ele contempla realizando as fantasias dela. Diana pede a el para vir para o lugar dela e ele considera isso. Ele imagina chamar Meu Bebê no telefone  e dizer a ela para não se preocupar, que ele vai se atrasar e que deixe a porta destrancada. Mas exatamente como Billie Jean machucou Meu Bebê, mostrando a ela a foto do filho “cujos olhos pareciam com os meus”, Diana machuca Meu Bebê por dizer no telefone “Ele não voltará porque ele está dormindo comigo”.

O vídeo enfatiza que essa parte da narrativa é toda imaginada, uma história que o protagonista canta no palco, como parte da performance dele. Mas quando o vídeo termina, Jackson, o protagonista/performer deixa o palco, abre a porta do carro dele e encontra Diana esperando lá dentro. De repente, as fantasiosas imaginações dele se tornaram uma questão que ele tem que responder agora mesmo. O que ele deveria fazer? Como ele deveria responder a essa mulher no carro dele. O que é a coisa certa a fazer. A coisa compassiva a fazer, quando tantas pessoas querem desesperadamente chegar a você segurar?

Isso era uma pergunta crucial para Jackson. Em uma entrevista em 1980, três anos antes do lançamento de Billie Jean, a mãe de Jackson falou sobre os problemas do filho dela com a fama dele e a audiência dele.

Michael está quieto agora. Quando ele era mais jovem, ele não era quieto assim. Mas eu não sei, talvez o palco tenha feito isso a ele, porque onde quer que ele vá, todo mundo vêm para ver Michael Jackson, você sabe,  esperando olhar para ele, ver como ele está, e ele diz que se sente como um animal em uma jaula.

Talvez o maior presente de Jackson como um artista – mais do que as letras, a dança e a voz dele – fosse a habilidade dele em enfatizar e se conectar emocionalmente com uma audiência. Talvez a trágica fraqueza dele fosse a luta por interagir com e lidar com essa audiência quando ele estava fora do palco.

Jackson se refere a esse conflito implicitamente em Billie Jean e Dirty Diana. Em ambas, Meu Bebê pode ser interpretada como representando a vida privada dele – ela conhece e se preocupa com a pessoa que ele é fora do palco. Em contraste, Billie Jean e Diana podem ser vistas como representando a audiência dele. Elas estão atraídas pela dança desse a fama dele, o dinheiro dele – a ele como uma figura pública –, mas elas não o conhecem como pessoa.

 E, assim, Jackson se encontra em uma posição difícil com impulsos conflituosos. Ele é atraído e grato à audiência dele, e ele precisa deles: ele é envolvido pela energia deles enquanto ele performa, eles são a razão por que ele performa. Porém, ao mesmo tempo, eles ameaçam invadir e destruir a vida privada dele, exatamente como Billie Jean e Diana tentaram afastar Meu Bebê. Significativamente, ambos os vídeos terminam com o protagonista indeciso, incerto sobre o que fazer, como negociar essa complicada relação entre o público e o privado.

Jackson também cria uma surpreendente sensível esboço da interação com entre poder e desejo em Billie Jean e Dirty Diana. Um menos mediano pensador pode desenhar as duas pequenas personagens simplesmente como ávidas mulheres lá fora para enganar um homem famoso, mas Jackson as humanizam e sugere que elas estão tão presas quanto o protagonista, se não mais. Ele é livre para ir embora, se ele quiser, mas Billie Jean tem um bebê e poucos recursos, enquanto Diana está presa em um ciclo de humilhações. Além disso, um compositor menos simpático poderia declarar que elas merecem o destino delas – que é justiça poética de que elas se tornam presas enquanto tentam prender outros –, mas Jackson rejeita também, Ele vive no mesmo mundo complicado que elas, e ele entende que desejo é raramente puro, raramente livre de pensamentos de poder, controle e “prestígio”.