Lúpus, Vitiligo, Cirurgia Plástica e O Conceito de
"auto-ódio". Será que Michael Jackson queria ficar branco?
Traduzido por Daniela Ferreira
Comentários em azul são da tradutora
Coincidências interessantes às vezes acontecem.
Há uma semana, as acusações de que Michael Jackson se “autodesprezava por ser
negro” impressionou-me tanto que decidi escrever algumas palavras sobre essa
alegação – tocando sobre a saúde de Michael no caminho, e aqui estamos – certo
Dr. Drew Pinsky, de repente, usa o programa de TV dele para divulgar as velhas
mentiras sobre o nariz de Michael "caindo" e convida os chamados “amigos”
de Michael Jackson (Brian Oxman e Deepak Chopra) para falar nada bem dele,
exceto que ele era um “viciado”.
Surpreendentemente, mas o meu post também vai
ser sobre a aparência de Michael e até mesmo alguns problemas relacionados com
o vício e eu também citarei um ex-associado de Michael Jackson – Dr. Arnold
Klein, que não é considerado amigo de Michael, de jeito nenhum, no entanto, é
esse homem que vai nos garantir que o nariz de Michael estava muito no lugar e
que Michael conseguiu se livar do vício em Demerol. Além disso, é este não-amigo
que nos ajudará a entender como as drogas foram introduzidas na vida de Michael
e quem é responsável por isso.
Nestes dias de batalha aberta para o bom nome de
Michael Jackson é difícil dizer quem é amigo ou inimigo – algumas pessoas são
definitivamente indecisas sobre de qual lado estão, e ficam indo e volatdndo.
Hora de fazer sua escolha, rapazes – estamos quase lá e depois vai ser tarde
demais.
Mas vamos começar de onde paramos a discussão
sobre o alegado “autodesprezo por negros” de Michael. Um leitor levantou isso na
seção de comentários e descobriu que algumas pessoas acreditavam nisso e
aplicavam isso a Michael Jackson como a única explicação de por que ele se
transformou de negro em branco e fez cirurgias plásticas no rosto.
FICANDO BRANCO
Somente os surdos e cegos não sabem até agora
que não era desejo de Michael de se tornar branco. A mudança na cor da pele
dele foi devida ao Vitiligo, uma doença grave autoimune, que transformou a pele
dele em porcelana branca e a vida dele em um pesadelo. Não poderia ser parada
ou curada, foi um enorme obstáculo para o trabalho de Michael no palco e aparições
públicas e, além de trazar grande sofrimento, foi considerado em todo o mundo
como um sinal de que Michael querer trair a própria raça.
O site MJEOL perfeitamente redigiu:
"Durante anos, Jackson viveu com uma acusação totalmente injusta,
imerecida e sem fundamento, com base em algo contra que ele não podia fazer
nada. Ele enfrentou todos os diabos e todas as piadas que foram feitas poderiam
ter sido um enorme fardo sobre alguém que já estava totalmente auto-cosciente sobre
a aparência dele”.
As filmagens de "They Don’t Care About Us"
no Rio de Janeiro, em 1995. Maquiagen efetivamente cobrem a manchas escuras no
vídeo real.
Eu creio que o vídeo pasa por edição e, assim,
as manchas são escondidas.
Aqueles que ainda fazem piadas desagradáveis sobre o desejo de Michael de “ficar branco” devem ser lembrados em uma base diária que esse tipo de comportamento por parte deles era mais ou menos tolerável, quando as pessoas estavam no escuro sobre a doença de Michael. Repetir a mesma velha história, agora, depois que ele disse a Oprah e outros sobre o vitiligo e o diagnóstico foi confirmado por inúmeras fotos e até mesmo o relatório da autópsia é simplesmente monstruoso. Assim como é monstruoso rir das feridas dos outros.
Esse tipo de comportamento deve ser interrompido
por uma mão de aço por todos que o vê, pois não se justifica de maneira nenhuma.
O dermatologista de Michael, Arnold Klein, disse
em uma entrevista com Larry King, que o vitiligo de Michael foi muito ruim e a
decisão final de “ficar branco” não foi de Michael.
KING: O que é vitiligo?
KLEIN: É uma perda de células de pigmento. E as
células de pigmento, você – para cada 36 células normais em seu corpo, você tem
uma célula de pigmento bombeando pigmento nelas. Infelizmente, é uma doença
autoimune e o lúpus é uma doença autoimune. E elas tendem a ocorrer juntas,
porque você produziz anticorpos contra as células de pigmento.
KING: Michael tinha isso?
KLEIN: Com certeza. Nós fizemos uma biopsia.
KING: O que provoca isso?
KLEIN: A causa disso é... É causada por seu
sistema imunológico e seu sistema imunológico destrói as células de pigmento.
KING: As pessoas negras têm mais que os brancos?
KLEIN: Não. Mas é apenas mais visível em pessoas
negras, porque eles têm uma pele escura. A outra coisa é que isso certamente
ocorre com uma história familiar. E eu acredito que um dos parentes de Michael,
de fato, tem vitiligo.
KING: Ele ficou muito mal?
KLEIN: Oh, ele ficou muito mal, porque ele
começou a ter uma aparência totalmente salpicada sobre o corpo dele. E ele
poderia...
KING: Sobre todo o corpo dele?
KLEIN: Em todo corpo, mas no rosto dele de forma
mais significativa; nas mãos, que eram muito difíceis de tratar.
KING: Então, vamos deixar claro uma coisa. Ele
não era alguém desejoso de ser branco?
KLEIN: Não. Michael era negro. Ele estava muito orgulhoso da herança negra dele. Ele mudou o mundo para os negros. Agora temos um presidente negro.
KLEIN: Não. Michael era negro. Ele estava muito orgulhoso da herança negra dele. Ele mudou o mundo para os negros. Agora temos um presidente negro.
KING: Então, como você trata o vitiligo?
KLEIN: Bem, quero dizer que há certos
tratamentos. Você tem uma escolha onde você pode usar determinadas drogas
chamadas (inaudível) e tratamentos de luz ultravioleta para tentar fazer com
que as manchas brancas fiquem escurar ou... Mas a dele se tornou tão grave, que a maneira mais fácil é usar cremes
certos que farão as manchas escuras clarearem, assim você pode até mesmo
retirar a pigmentação totalemte.
Veja que Klein deixou claro que aopção por
clarias o que restou da cor negra era a mais indicada para casos de vitiligo
extenso como Michael tinha. Mas de qualquer forma, uma repigmentação com luz
ultravioleta não seria posspivel. Michael tinha lupus eritomastose discoide e
essa doença provoca feridas na pele quando exposta ao sol. Agora, o que é a luz
ultravioleta senão a mesma radição que vem do sol? Um tratamento com UV mataria
Michael, ou seja, era um beco sem saida.
KING: Então a sua decisão foi clareá-lo?
KLEIN: Bem, sim, isso é, em última análise, o
que a decisão tinha que ser, porque havia vitiligo demais para lidar e...
KING: Caso contrário, ele teria parecido ridículo?
KLEIN: Bem, você não pode... Ele teria que usar
maquiagem pesada, maquiagem pesada no palco, o que seria ridículo. E ele
realmente não podia sair em público sem parecer terrivelemente diferente.
Aqui está o vídeo deles conversando:
A mudança foi rapidamente notada pela mídia e
foi atribuída a uma operação para “substituição de pele” a qual ele tinha,
alegadamente, se sujeitado. Essa mentira foi tão eficaz que até mesmo em minha
parte distante do mundo um grande número de pessoas inteligentes que
acreditavam que a pele de Michael tinha sido substituída.
E isto apesar da ideia ser completamente
ridícula, absurda e até mesmo delirante. Onde é que um homem negropega tanta
pele branca? De um doador? Mas não há precedentes de uma substituição cirúrgica
de pele em todo o corpo! A substituição máxima que eles fazem agora são
remendos isolados de pele (quando ocorrer ferimentos, queimaduras) E como essas
pessoas imaginam a substituição completa? Escalpelando-o compeltamente
primeiro? E depois colando a pele de outra pessoa? Algumas pessoas devem ter
assistido filmes de terror demais e não podem contar a vida como resultado de
uma ficção!
A ideia é ridícula e até risível, mas só para
comprovar a impossíbilidade disso, saiba que, quando uma pessoa é vpitima de
queimadura grave e precisa de enchertos de pele, o corpo rejeita essa pele
estranha. O que os médicos fazem é colocar pele retirada de cadáveres para
proteger a vítima de queimadura, mas els sabem que é questão de tempo até que o
corpo comece a se livrar da pele enchertada. Uma nova pele cresce – pele da
própria pessoa – enquanto a enchertada é descartada pelo corpo. Isto é, se
Michael tivesse trocado toda a pele (faça um esforço para imaginar algo tão
absurdo), o corpo dele teria se livrado da pele estranha, e uma nova pele
original (e negra) teria se formado.
Outros detratores acreditavam que Michael usou
cremes para clarear a pele. Ele fez uso de alguns cremes branqueadores, como os
médicos prescreviam, para fazer as manchas escuras parecer mais pálidas, mas
esses cosméticos são um procedimento padrão para todos os pacientes com
vitiligo, para poupá-los do constrangimento de enfrentar o público com uma
aparencia de leopardo. E uma vez que o uso desses cremes é padrão, todas
aquelas pistas sujas sobre “clareamento da pele dele” completamente perdem
lugar. Não rimos de pessoas que usam creme dental para a higiene diária, rimos?
Então por que todas as insinuações e risos sobre o “creme de clareamento
encontrado na casa dele”? Por que não rir quando encontrar creme dental na casa de alguém, também?
Como todas as pessoas que sofrem de vitiligo,
Michael ficava muito constrangido pela condição dele e confessou que tinha a
doença apenas quando ele estava praticamente branco. Se ele tivesse dito isso
antes a histeria sobre ele “querer ser branco”, provavelmente, poderia ter
diminuído, mas sabendo que ninguém acreditava em Michael, mesmo depois da
admissão dle, eu duvido que uma confissão antes tivesse feito muita diferença.
Em vez disso, poderiamos termos sido soterrados
com fotos de Michael pintado, secretamente feitas por paparazzi, escndidos em alguns
arbustos, e publicadas em todos os tabloides com manchetes escandalosas. Você
pode imaginar as suculentas histórias que acompanhariam as fotos? Eu posso muito bem: “A aberração
se tornando mais aberração que nunca”; "Um Terror Salpicado", “Você
já está assustado?”.
Não; foi sábio ele não dizer nada até que ele se
tornou de uma só cor, de novo.
O CONCEITO COMUM DE BELEZA
Mas a teoria do “autopreconceito racial” de
Michael é baseada não só na mudança dramática da cor da pele. Muita conversa
sobre esse assunto gira em torno da cirurgia plástica no rosto. Alguns têm certeza
de que, dessa forma, Michael estava interessado em adquirir uma “aparencia
branca” e que o desespero dele para “mudar a raça dele” era tão grande que ele
supostamente fez mais de 50 operações. Após a entrevista de Bashir ir ao ar, a
mídia escreveu:
“No início desta semana, um especial da ‘Dateline NBC’ examinou a negação
do cantor, que ele fez apenas duas operações de cirurgia plástica. Um médico
que compartilhava um escritório com o cirurgião plástico de Michael Jackson
alegou que o cantor pop teve mais de 50.”
Qual
médico? Nome, por favor! E quanto ele poderia ver se ele apenas dividiu o
escritório?
Contudo, não vamos perder tempo com essas
pessoas que tentam evitar de voltar para o inferno (que é de onde eles vieram),
a questão que precisamos buscar é se Michael realmente odiava a si mesmo por
ser negro e se ele realmente “traiu a raça dele” por ter feito cirurgias
plásticas no rosto.
Em primeiro lugar deixe-me dizer que
a ideia de “autopreconceito racial”, como tal, e em aplicação à cirurgia cosmética, em
particular, parece para mim uma construção mental tendenciosa e
alatamente artificial. Você pode sentir que algo está basicamente errado com essa afirmação, mas não determinar onde está o erro. Tudo o que posso dizer é que a ideia é muito primitiva
para explicar coisas que são, na verdade, muito mais complexas.
Infelizmente, o fenômeno da “autoódio” existe,
embora eu fosse preferir chamá-lo autoinsatisfação ou não-aceitação de si mesmo
do jeito que é. Mas chamar isso de fenomeno unicamente negro seria um exagero
ridículo, para dizer o mínimo.
A verdade da questão é que a maioria das pessoas
é incapaz de aceitar-se plenamente. Insatisfação
com nós mesmos é uma característica típica para a maioria de nós e é apenas o
grau dela que varia de pessoa para pessoa. Esse fenômeno não é apenas uma das
maiores forças motrizes humanas (uma vez que incentiva mudanças e trabalhar em
si mesmo), mas também é um dos maiores males da vida (pois traz neuroses).
Tomadas em um contexto mais amplo, a incapacidade
de sse aceitar não inclui apenasa aparência. Algumas pessoas não aceitam o peso
e fazem dieta. Alguns estão descontentes com as capacidades intelectuais e dosn
que a natueza lhes deu – eles queriam algo melhor ou mais. Alguns sofrem de
falta de confiança em si próprios ou incapacidade de socializar adequadamente e
tornam-se totalmente neuróticos, como resultado. Alguns têm dificuldade em
aceitar a sexualidade ou posição social e isso pode provocar excessos enormes. No
entanto, há uma coisa que é comum a todos nós – praticamente todos nós estamos
insatisfeitos como parecemos.
Eu não conheço uma pessoa na
minha vida que esteja totalmente
feliz com a aparência
dela. Algo está sempre errado
– nariz, orelhas, condição da pele,
forma dos quadris, barriga, pernas ou a
boca. Alguns têm o cabelo muito pouco ou não, alguns
têm muito cabelo e não nos lugares certos, aqueles com cabelo
encaracolado os desejam lisos, aqueles com cabelos lisos
os querem encaracolados, e assim por diante; a lista pode continuar para sempre.
Insatisfação com a aparência é tão
difundido que o conjunto da indústria
da beleza é com base nesse
conceito, assim, tornando-se tecnicamente
possível chamar todos os usuários
ávidos de produtos de beleza autoinimigos também. Essa
seria uma afirmação absurda, claro, mas a popularidade de procedimentos cosméticos e
maquiagens de todos os dias mostram que
a autoinsatisfação e parcial
não aceitação da própria aprência é uma
coisa absolutamente rotineira, que mostra o desejo de cada
um de nós para chegar a certo
padrão – sim, o padrão ideal de beleza.
Eu não ficaria de repente falando
sobre esse conceito, se não tivesse uma relação direta com Michael. Ele foi acusado por todos de um desejo de parecer mais atraente e a hipocrisia dessas acusações é simplesmente impressionante quando você olha para ele do ponto de vista de um grande número de nós que estão fortemente envolvidos em atividades semelhantes, nós mesmos.
Se alguns de nós não recorremos a procedimentos cosméticos,
isso significa que ou são pessoas muito sábias que aprenderam a aceitar a si
mesmas do jeito que são ou simplesmente é falta de meios para desfrutar de
todas as coisas boas que a indústria da beleza pode nos oferecer. Considerando
o último fator, eu suspeito fortemente que se tivéssemos o dinheiro não seriamos
capazes de resistir a algumas das tentações cosméticas e também encontrar o que
fazer para nossos rostos ou figuras (e com a idade também).
Como você legitimamente, aconteceu
que o ideal de beleza foi de alguma forma forçado no mundo pela raça branca, embora tenha começado a mudar sensivelmente nas
últimas décadas. Mas mesmo apesar
das novas tendências, a mente
humana ainda é fortemente dominada
pelos ideais que foram evoluindo ao longo dos séculos e que são implantados em
nossas mentes sem nos darmos conta.
Como resultado disso, ou, provavelmente, porque
o conceito de beleza é algo embutido em uma mente humana (?), eu arriscaria a dizer
que há certa imagem mental de beleza que existe em forma abstrata para todas as
pessoas do mundo independentemente da raça e cor da pele dela. Esse ideal de
beleza inclui uma combinação de vários elementos obrigatórios – o mínimo de que
são uma pele limpa e saudável, nariz reto e bem proporcionado, os olhos que são
de preferência maiores, orelhas que não se destacam, lábios não muito finos, cabelo
bom, etc.
E é engraçado, mas consideramos cabelo bom o
cabelo liso, e o cabelo crespo é chamado ruim. Daí concui-se que o ideal de
beleza são os traços da raça branca.
Madonna Negra
A cor da pele não é tão
importante porque é um fator
menor, em comparação com as características faciais – se
todos elementos acima estão presentes,
o rosto permanece dentro de um certo padrão comum de beleza e a cor
da pele é apenas um tempero
que pouco acrescenta para o quadro inteiro. Olhe para os rostos bonitos de
refugiados da fome no Chifre da
África, que estão atualmente em telas de TV de todo
mundo e você vai entender o que
quero dizer – muitos dos rostos
são tão belamente modelados
que, se não fosse a tragédia, muitas destas mulheres magras poderiam se tornar modelos. Os rostos delas ajudam a perceber que não é a cor da pele que faz com que uma
pessoa seja bonita, mas os traços do rosto e as proporções.
O ponto que eu estou tentando fazer aqui é que a
beleza não está na cor – a beleza está nas proporções do nosso rosto, o
complexo que é registrado por nosso cérebro em algum nível muito básico
reconhecido por todos.
Esse padrão universal de beleza tem levado muito
tempo para formar e vai novamente levar algum tempo e alguns mecanismos
psicológicos desconhecidos para fazer o nosso cérebro perceber a beleza de
forma diferente. Não está em nosso poder mudar a percepção pública da massa do
que é bonito e o que não é – especialmente desde que a mídia está fazendo o
melhor que pode para que todos nós desejemos paracer o que eles consideram
bonito no momento. No século seguinte, o conceito de beleza vai mudar e todos
vão novamente tentar parecer de tal maneira – e isso é algo que simplesmente
não pode ser evitado por qualquer um de nós.
O tema pode parecer ianda mais
pertinente se você tiver em emnte que Michael via o próprio rosto como uma obra
de arte, uma tela na qual ele esculpia, não necessariamente um padrão de beleza
de acordo com um senso comum, mas o que ele julgava belo. Isso é uma longa
discussão, que foi abordada em diversos artigos de Joie e Willa (do Dancing
With the Elephants) e outras autoras como Susan Fast. Bem como o livro M. Poetica de Willa Stilwater
Continua...