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terça-feira, 11 de setembro de 2012

Capítulo 2 - Thriller "Thriller "


4.                THRILLER

(Escrita e composta por Rod Temperton; produzida por Quincy Jones. Sintetizadores programados por Anthony Marinelli. Instrumentos de sopro arranjados por Jerry Hey. Vocais guias e backgrounds por Michael Jackson. Efeitos: Bruce Swedien e Bruce Cannon. Rap: Vincent Price. Sintetizador: Brin Banks, Greg Phillinganes e Rod Temperton. Guitarra: David Williams. Saxofone e flauta: David Williams. Trombone: William Reichenbach. Trompete e flugelhorn: Gary Grant e Jerry Hey)


É difícil pensar em outra música na história da música popular que evoque a apresentação visual dela tão completamente quanto “Thriller”. “Se alguma vez um vídeo matou a estrela do rádio” escreveu Baz Dreisinger, “foi ‘Thriller’”. Longe de matar a música, no entanto, Thriller a trouxe para uma vida nova. O álbum vendeu o triplo depois da aparição dele na MTV. O vídeo atraiu as pessoas para a música e a música atraia as pessoas de volta para o vídeo. Eles logo se tornaram inseparavelmente ligados. O traço comum, é claro, era Michael Jackson. Ainda hoje, quando alguém escuta o famoso refrão, a imagem, instantânea, é de um jovem e radiante Jackson em elétricas jaquetas e calças vermelhas, circulando Ola Ray, em flerte, metamorfoseando-se em alteregos, dançando sem esforço, com graça e funk entre zumbis, enquanto projetava uma energia e magnetismo que ainda empurram através da tela. O revolucionário vídeo de quatorze minutos de Thriller, essencialmente, reinventou o meio. Vídeos musicais foram feitos antes. Mas não como este. Thriller foi o Cidadão Kane dos curtas-metragens.

Escrita para Jackson, por Rod Temperton, “Thriller” sempre foi concebida para ser “vista” além de ser ouvida. Ela deu ao álbum uma entrada dramática e narrativa teatral, que poderia ser tão literal ou figurativa quanto os ouvintes quisessem. Alguns críticos sentiam que o tema de horror era muito extravagante e exagerado. Isso, no entanto, era a intenção de Jackson. Com o espetacular tema gótico dela, incluindo portas abrindo, soalhos estalando, lobos uivando e o macabro rap de Vincent Price, “Thriller” estava revivendo a Velha Hollywood. Mas como a Rolling Stone notou, este “charme extravagante” tornou “fácil deixar de lado as trevas insolentes, inerentes da música. Ela é, antes de tudo, uma música que começa como alguma coisa demoníaca espreitando da escuridão, [e] faz um breve intervalo na possessão do demônio antes de terminar com um exercito de zumbis descendo sobre a presa deles”.

Sonoramente, a faixa oferece tudo isto: drama, funk, um riff de brass explodindo, que uma vez esteve no “1999”, de Prince, e um dos refrãos mais famosos já cantado  (“ ‘Cause this is thriller!”) “Thriller” é quase tão épico quanto uma música pop pode ser”, escreveu o crítico musical Tyler Fisher. “A música extrai de Torre de Poder sons de trompetes e Funkadelic sensibilidade pop. O enorme afirmativa brass que guia a música para dentro do groove principal dela, simplesmente declara que “Thriller” planejava ir além dos limites do música pop.”

Por toda a grandiosidade de Thriller, há algumas nuances a ser apreciadas também. “Na introdução”, revela o engenheiro de gravação Bruce Swedien, “há uma pequena faixa rítmica que inicia a música e eu, propositadamente, limitei a banda nisso, assim, quando você a escuta, seu ouvido se ajusta a esta resposta espectral. Então, de repente, todo o baixo e arrasadora bateria vêm e o efeito é realmente sensacional”.

Nos versos, Jackson cuidadosamente constrói a tensão alongando a vívida representação de vagar ao longo de um curso transversal de sintetizador e guitarra, antes de explodir no refrão. A letra começa a formar um cenário assustadoramente grotesco, no qual o mal está constantemente “espreitando na escuridão”. O narrador se sente preso com “não há para onde correr”, e tem visões de mortos vivos “caminhando com seus disfarces”. Exatamente como no vídeo, o narrador tem uma identidade partida: a outra parte dele pega uma personalidade do “terror”, do “monstro”, que ameaça “aterrorizar toda a vizinhança”. “E quem for encontrado”, narra Vincent Prince, “Sem disposição para dançar/ Deve enfrentar os cães do inferno/ E apodrecer dentro de um cadáver”.

Para maioria dos ouvintes, porém, como o critico musical J. Edward Keyes notou, a letra é envolta em “espetacular funk-robô – na qual simples riffs de sintetizador de seis notas rolam mais e mais, inconfundivelmente e inesquecivelmente – que é fácil esquecer o esqueleto agachado nas sombras”. A música encapsulou perfeitamente o genial paradoxo do álbum: é tanto um espetáculo enormemente popular e divertido quanto um humorístico espelho negro que reflete as fascinações o os medos da sociedade.

Thriller” foi o sétimo e o último single lançado do álbum, alcançando a quarta posição na Billboard Hot 100 em 1984. Esse curta, que é um marco divisor, é mundialmente considerado como o mais incrível vídeo musical de todos os tempos. Em 2009, Thriller se tornou o primeiro vídeo musical a ser introduzido no Registro Nacional de Filmes da Biblioteca do Congresso.


Nota da tradutora:
Brass é qualquer instrumento musical de latão, bronze.