Justaposições
O
Poema de Jackson justapõe esse estado de unidade com um oposto estado de
separação. Ele aborda esta alienação do Planeta Terra nas estrofes de abertura:
“Planeta
Terra, você está apenas
Flutuando,
uma nuvem de poeira
Um
globo menor prestes a explodir
Uma
peça de metal fada a enferrujar
Um
grão de matéria em um vazio sem sentido
Uma
solitária espaçonave, um grande asteroide
Frio
como rocha sem cor
Unidas
com um pouco de cola.”
O
planeta é, portanto, “apenas” uma coisa flutuando em um vazio sem sentido”?
Talvez um objeto manufaturado ou algo insignificante como um “grão de matéria”?
O narrador duvida dessa visão – “Alguma coisa me diz que isso não é verdade” –
e, assim, sutilmente refuta isso em termos surpreendentes de calor e emoção:
“Você
é minha amada, suave e azul.”
Poderia
ser maior contraste, mais poderosa reviravolta da ideia de que o mundo é um
objeto inanimado, “frio como uma rocha sem cor”, que chamá-lo de “minha amada”.
É notável, também, que Michael reclame o planeta como sendo dele – minha amada. Esse senso de posse vem do
afeto dele pelo planeta e o desejo de protege-lo e defende-lo, como nós vemos no
extraordinário hino Earth Song.
Esse
uso de “minha” está em forte contraste como senso de posse do planeta como um
objeto para usar explorar como desejamos. Na verdade, o “minha amada” de
Jackson retrata um relacionamento amoroso, baseado em “maravilha e respeito”
(Vogel, 25).
Como
um humano amado, o planeta é um semelhante a ser valorizado, não uma coisa para
ser dominado.
A
descrição de abertura do planeta estabelece um tom protetivo, da mesma forma.
“Planeta
Terra, minha casa, meu lugar,
Uma
caprichosa anomalia no mar do espaço”.
A
descrição “caprichosa anomalia no mar do espaço” destaca a singularidade do
planeta, a fragilidade, a solidão dele, a necessidade dele de um amor, como Jackson
ou nós. Também implica nossa necessidade pelo Planeta Terra, pois nós humanos
somos outra “caprichosa anomalia”.
Nós
precisamos deste lar para nos sentir conectados; nós precisamos sentir esse
amor para nos tornarmos completos e prósperos. Se o planeta é apenas uma
insignificante “nuvem de poeira”, o que nós somos?
Chamar
o planeta de “meu lar, meu lugar” o torna familiar, como um vizinho da porta ao
lado. Jackson joga com tais contrastes, indo e voltando do familiar “meu lar”
ao não familiar, “um mar do espaço”; de “uma solitária espaçonave” ou um
“grande asteroide” a “minha amada”; de um não importante “grão de matéria” a um
amado que desperta “as mais profundas emoções do meu coração”.
Na
conclusão, o poema resolve esta tensa mudança com uma apaixonada e sueva declaração
de amor. Dessa forma, Michael nos convida a nos ligar ao planeta, a nos unir a
ele no amor dele pelo planeta, a vê-lo com um seguro, sem ameaças, familiar, e
belo, no chamando para voltar para nossa “casa”.