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domingo, 28 de outubro de 2012

Capítulo 2 - Thriller : "The Girl Is Mine"



3.                THE GIRLS IS MINE

(Escrita e composta por Michael Jackson; produzida por Quincy Jones; arranjos vocálicos por Michael Jackson e Quincy Jones. Arranjos rítmicos por David Paich e Quincy Jones. Sintetizadores programados por Steve Porcaro. Sintetizador arranjado por David Foster. Cordas arranjadas por Jerry Hey. Vocais: Michael Jackson e Paul McCartney. Concert master: Gerald Vinci. Baixo: Louis Johnson. Bateria: Jeff Porcaro. Piano elétrico: Greg Phillinganes. Piano: David Paich. Guitarra: Dean Parks e Steve Lukather)


The Girl Is Mine” é geralmente considerada a faixa mais fraca do álbum. Com a letra insipida e produção vulgar (que, na verdade, soa muito melhor nas demos de Jackson), ela, simplesmente, não tem o fervor e a profundidade de muitas outras faixas. É claro, a relativa deficiência dela foi ampliada por quê: (a) aconteceu de ela estar no álbum que seria o mais vendido de todos os tempos e, (b) apresenta dois dos mais significantes talentos na história da música moderna.

Mas há um charme zombeteiro em “This Girl Is Mine”: a melodia jovial, o “gostoso” refrão, o memorável one-liners (“Paul, eu acho que lhe falei, eu sou um amante, não um lutador”). Décadas depois, a cafonice disso parece ter uma piscada e um sorriso, enquanto a diversão simples dela evoca uma inocente nostalgia. Ela também tem simples, mas lindos, ritmo e melodia. Como Paul McCartney explicou em 1982: “A música que eu simplesmente fiz com Michael, você poderia dizer que é superficial. Havia mesmo uma palavra – ‘gracinha’ – que eu não colocaria nisso. Quando eu chequei com Michael, ele explicou que ele não estava procurando profundidade, ele estava procurando por ritmo, ele estava procurando por sentimento. E ele estava certo. Não é a letra que importa nesta música em particular – é muito mais o som, a performance, minha voz, a voz dele.” Na verdade, anos depois, os críticos continuam elogiando os vocais sem esforço de Jackson.

“A exaltação que Jackson dá à palavra ‘eternamente’ midsong pode fazer o ouvinte sentir como se estivessem nadando em um mar de ‘Loves Baby Soft’”, escreveu a crítica musical Ann Power.

Mas “The Girls is Mine” é mais significante, talvez, pelo que ela representa. Em 1982, com a trágica passagem de John Lenon, dois anos antes, Paul McCartney era, sem dúvidas, o mais renomado cantor de música popular. Colaborando com a mais promissora estrela jovem, Michael Jackson, enviou a mensagem sobre onde a música estava indo. Eventualmente, a dupla gravou três canções juntos, duas das quais (o #1 hitSay Say Say” e “The Man”) foram incluídas no álbum de Paul McCartney, Pipes of Peace, de 1983. Naquela época, Jackson considerou a experiência a mais destacada da jovem carreira dele. Neste caminho, “The Girls Is Mine” foi um tipo de simbólica passagem de tocha do lendário cantor Beatle ao, “muito em breve”, Rei do Pop.

A música também foi significante por causa da raça. A segregação musical nas rádios continuava sendo norma no início dos anos oitenta com rock e R&B ocupando, na maior parte, mundos separados. Com “The Girl Is Mine” – uma música que apresentava o mais famoso artista negro e o mais famoso artista branco do mundo – muitas estações de rádio foram, finalmente, forçadas a reconsiderar a obsoleta categoria de programação delas. Que Jackson e McCartney estivessem abertamente competindo pela mesma garota fez disso um tabu ainda maior. Observou Jim Miller da News Week, em 1983, “[The Girl Is Mine] soa muito bonita e perfeitamente inócua – até você estar pensando sobre a letra. As estações de rádio americanas já tocou antes uma música sobre dois homens, um negro e o outro branco, brigando pela mesma mulher?” Isso foi uma nova concepção, na verdade (uma que é tomada por garantia hoje). Mas “The Girls Is Mine” ajudou a pavimentar o caminho para o amor inter-racial na rádio.

Nota da tradutora:
Love Baby Soft é um perfume feminino suave e ligeiramente adocicado.

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