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sábado, 5 de janeiro de 2013

Releitura de Michael Jackson - Parte 4



"Então, Que A Performance Comece"

 



Quanto mais eu estudo Jackson e o trabalho dele, mais me convenço de que ele era um homem de muita coragem e perspicácia psicológica profunda; ferozmente comprometido com a mudança social, ironicamente engraçado mesmo durante os momentos mais difíceis, e um artista até o âmago do seu ser. Ele viu tudo em termos de arte e do poder transformador da arte. Nós não temos acesso direto ao mundo – só podemos acessar o mundo através dos nossos sentidos e percepções e arte tem a capacidade de desafiar e mudar essas percepções. Isso é um tremendo poder, e Jackson entendia isso melhor que qualquer outro artista do tempo dele. 

Por exemplo, quando os sintomas do vitiligo de Jackson se tornaram progressivamente pior, ele poderia ter reagido cobrindo as manchas brancas com maquiagem escura o resto da vida dele, como a maquiador dele, Karen Faye, diz que fez nos primeiros anos da doença. Ou ele poderia ter divulgado tudo, usando maquiagem mínima, e se tornado um porta-voz para a conscientização e tratamento do vitiligo. Em vez disso, ele desenvolveu uma resposta artística que desafia nossas crenças mais fundamentais sobre raça e identidade, e mudou a nós e a nossa cultura de uma forma que ainda não começamos a medir. 

Da mesma forma, Jackson poderia ter respondido à percepção pública de que ele era um abusador de criança tentando ignorá-la ou superá-la de alguma maneira, embora seja difícil ver como ele poderia ignorar um assunto tão em desacordo com as crenças centrais dele. Ou ele poderia ter se aposentado da vista do público inteiramente e tido uma vida privada confortável com a nova família dele, algo que ele nunca tinha tido antes.  

Em vez disso, ele desenvolveu uma resposta artística que abala os alicerces da própria percepção, e desafia algumas de nossas suposições mais básicas sobre como podemos ver, interpretar e dar sentido ao mundo. 

Esse é o trabalho de um artista poderoso.