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domingo, 28 de outubro de 2012

Capítulo 5 - HIStory






“Eu não estou planejando escrever outro livro tão cedo. Se você quer saber como me sinto, você pode checar HIStory. É um livro musical.”

 

MICHAEL JACKSON, SIMULCHAT, 1995











LANÇADO: 16 de junho de 1995

PRODUTOR EXECUTIVO: Michael Jackson

NOTÁVEIS CONTRIBUIDORES: Jimmy Jam (produtor), Terry Lewis (produtor), David Foster (produtor), Janet Jackson (vocais), Bill Bottrell (produtor/compositor), R. Kelly (compositor), Dallas Austin (compositor), Brad Buxer (teclado/arranjo), Bruce Swedien (engenheiro), Eddie Delena (engenheiro assistente), Andrew Scheps (engenheiro assistente), Rob Hoffman (engenheiro assistente), Johnny Mandel (orquestração), The Andraé Crouch Singer Choir (vocais), Slash (guitarra), Boyz II Men (vocais), The Notorious B.I.G. (rap), Shaquille O’Neal (rap), Matt Forger (coordenação técnica)

CANTORES: “Scream”, “You Are Not Alone”, “Earth Song”, “They Don’t Care About Us”, “Stranger in Moscow”

 
ESTIMATIVA CÓPIAS VENDIDAS: 22 milhões





CAPÍTULO 5 HISTORY:
PAST, PRESENT AND FUTURE, BOOK I









HIStory é o álbum mais pessoal de Michael Jackson. Desde a fúria ardente de “Scream” à dolorosa vulnerabilidade de “Childhood” o álbum era, nas palavras de Jackson, “um livro musical”. Ele abrangeu todas as emoções turbulentas e lutas de alguns anos anteriores: ele era o diário dele, a tela dele, a refutação dele.

O resultado, para alguns, foi um pouco dissonante. Eles queriam o “velho” Michael Jackson: a melodia calorosa, jovial, e as letras que estimulam a dança. HIStory abertamente desafiou essas expectativas. Sonoramente, ele seguiu em frente, já que continuou a cruzar e mixar gêneros (incluindo hip-hop, industrial funk e orquestral pop). Tematicamente, ele confrontou, em vez de evitar o complexo estado emocional de Jackson. No entanto, ele também pareceu exteriorizado; amarrando a angústia e revolta dele aos problemas sociais maiores, como sensacionalismo da mídia, materialismo, discriminação e alienação.

Enquanto esta abordagem provoca alguns momentos crus (e músicas sem a viabilidade comercial dos álbuns anteriores), ele, também, parece libertar Jackson – e resulta em um das mais politicamente potentes, emocionalmente honestas e artisticamente poderosas faixas que ele já vez. “Jackson expressa difíceis experiências e desconfortável conhecimento”, observa o crítico cultural Armond White. “Na voz agressiva dele, há lugar para o desespero, a ânsia urgente de qualquer um”. Na verdade, embora a maioria dos críticos tenha sido lenta em olhar o passado do imediato contexto biográfico do álbum e reconhecer a realização artística dele, HIStory bem pode ser considerado a magnum opus de Michael Jackson. Nunca os vales tinham sido tão baixos e os picos tão altos.

HIStory foi criado a partir de um tipo de exílio cultural. Em 1995, enquanto ele continuava sendo enormemente popular na maior parte do resto do mundo, Michael Jackson tinha perdido muito do encanto dele nos Estados Unidos. As alegações de abuso sexual infantil, em 1993, tinham devastado a imagem dele. Alguns sentiram que isso, efetivamente, encerrou a viabilidade dele como um dominante pop star. As sórdidas alegações, porém, não foram a única razão para a minguante relevância dele. Isso também tinha a ver com a mudança cultural da juventude e o espírito musical da época. Os ícones culturais do início ao meio dos anos noventa eram artistas como Kurt Cobain, Tupac Shakur, e Alanis Morissete. Em comparação, a imagem de Jackson parecia muito teatral e ensebada. “Black or White” e “Heal the World” simplesmente não ressoaram com o cinismo e sofismo da Geração X. Dance pop e temas humanitários eram ridicularizados por grungers vestidos de flanela e gangstars usando calças largas e reagindo contra o percebido artificialismo, falsidade e otimismo dos anos oitenta.

 Os anos noventa fizeram ver a ressureição do R&B com grupos como Boyz II Men e TLC, e artistas solos como R. Kelly, Toni Braxton e a irmã de Michael, Janet; mas esses eram artistas com encanto mais natural para pessoas jovens. As músicas deles eram sobre sexo e sentimento. Michael Jackson tinha, agora, trinta e sete anos e mais conhecido entre a nova geração de ouvintes como objeto de infinitas controvérsias de tabloides. Em razão desse contexto, Jackson entendia que HIStory seria o mais desafiador álbum da carreira dele.

As mudanças culturais não foram apenas nos gostos musicais, é claro. Quando Jackson retornou ao estúdio, em 1994, globalização e novas informações tecnológicas estavam revolucionado o mundo de maneiras profundas. Era o começo da era digital com a internet mudando o modo como as pessoas se comunicavam, consumiam e recebiam informação. O correio eletrônico substituiu “o correio lesma”, chat rooms era os novos bares, as pessoas começaram a comprar livros, música e roupas online, e empresários como Steve Jobs e Bill Gates se tornaram multibilionários. 

Nos Estados Unidos, a era Clinton estava em curso, e com ela a explosão ponto-com que conduziu a uma década de mercados de afluência e prosperidade. Os anos noventa são, agora, frequentemente, relembrados, nostalgicamente, como pré-Bush, pré-11/9, pré-recessão da era de ouro. Enquanto a visão de Clinton de uma “ponte para o século vinte e um” inspirava esperança, contudo, não demorou muito para que isso também gerasse alguma desilusão e severa reação contra cultural. Enquanto CEOs fizeram lucros recordes, também foi um tempo de terceirização, redução, concentrações e dominação de corporações. A fúria dos cidadãos contra a globalização culminou no caos e violência dos protestos em Seattle, em 1999, contra o World Trade Organization.


 


















 

                                            Jackson no set do vídeo dele, Scream, em
                                                                                           1995.

 
Os anos noventa também testemunharam uma efetiva fusão entre noticiário a cabo, de vinte e quatro horas, e noticiários de entretenimento. O desejo por cobertura de celebridades, em particular, tornou-se um tipo de obsessão internacional, alimentada por uma incessante perseguição por dólares de classificação e publicidade. A cobertura parede a parede de dois eventos marcantes – o caso de homicídio de OJ Simpsom (1994) e a morte da Princesa Diana (1996) – perfeitamente sintetizou o paradigma “infoentretenimento”. Ambos os casos apresentavam dramas de celebridades, tragédias, como perseguições em alta velocidade e acidentes de trem, que anteciparam a mudança para a reality TV e estabeleceram o novo esboço para o que poderia ser considerado mainstream “News”. Ambos acontecimentos também tiveram um profundo impacto pessoal em Michael Jackson. 

Jackson, notoriamente, assistiu à infame perseguição de carro a OJ Simpson, do Hit Studio, em New York. Quando o circo julgamento se desdobrou, ao longo do próximo ano, ele pode ver, claramente, a maneira como o tribunal, jurados, e a ideia de justiça tinham sido infectados pela parasitária cobertura midiática. Simplesmente não havia garantias de que a verdade iria prevalecer, quando julgamentos eram transformados em programas de televisão e testemunhas se tornam celebridades, elas mesmas.

A morte de Diana, da mesma forma – um evento midiático mais global – foi devastadora para Michael Jackson. Embora o relacionamento deles fosse limitado (ele a encontrou uma vez, na Bad World Tour, e falou com ela, pelo telefone, algumas vezes), ele, há muito tempo, sentia uma afinidade com a Princesa de Gales. “Ela era muito afetuosa, muito amorosa, muito doce”, ele disse em uma entrevista em 1996. Quando ele soube da morte dela, ele literalmente se despedaçou. “Eu acordei”, ele recordou, “e meu médico me deu as notícias. E eu caí de tristeza e eu comecei a chorar. A dor... Eu sinto dor, no meu estômago e no meu peito. Então, eu disse: ‘Eu não posso lidar com isso... é demais. ’ Apenas a mensagem e o fato de que eu a conhecia pessoalmente”. A mensagem para Michael, é claro, era que a mídia tabloide poderia não somente zombar de você, perseguir você, roubar toda a sua privacidade, manipular a verdade e destruir sua reputação, mas eles poderiam, também, literalmente, matar você. Houve, é claro, outros fatores no acidente de carro da Princesa Diana, mas esse era o favorito de Jackson. Os paparazzi a tinham perseguido toda a vida e, agora, como o próprio irmão dela disse, “eles tinham sangue nas mãos”. “Eu tenho vivido este tipo de vida a minha vida inteira”, Jackson disse em uma entrevista aquele ano. “A imprensa tabloide... esse tipo de imprensa... Eu tenho corrido por minha vida assim, escondendo, fugindo... Você se sente como se tivesse na prisão.”

 Para Jackson, é claro, tinha sido apenas poucos anos antes que ele sobreviveu a uma das maiores explosões do frenesi da mídia global da década, que se seguiu à acusação de que ele tinha molestado um menino. De muitas maneiras, isso foi o prelúdio para o espetáculo midiático de O.J. e Diana. Para os tabloides, assim como para os noticiários a cabo de vinte e quatro horas, isso foi a perfeita disputa por classificação. Michael Jackson era o maior artista do mundo. As pessoas continuavam fascinadas por ele. Agora, depois de anos apresentando histórias meramente excêntricas ou curiosidades, a mídia tinha um escândalo com apostas muito mais altas, que poderia ser explorado por meses, se não anos.

The Sun, um notório tabloide Britânico, foi o primeiro a espalhar a história. Outros vieram logo atrás. Apenas dias depois das alegações surgirem, a correspondente do Hard Copy, Diane Dimond, (que faria uma carreira em cima de Jackson) obteve uma cópia ilegalmente vazada do relatório de abuso do Departamento de Serviços à Criança, com todos os detalhes obscenos das alegações. Dentro de horas, o documento foi vendido para outras redes de imprensa, que convergiram da Califórnia para o mundo todo. Naquela noite, as alegações foram reportadas como a principal história em várias das principais redes de televisão.

 Dalí, isso foi um ladeira escorregadia. Antes que qualquer coisa tivesse sido ao menos checada sobre as alegações, a mídia funcionou selvagemente. “Peter Pan ou Pervertido?”, gritava uma manchete do New York Post. “Escândalo da Década”, lia-se no título de um dos muitos similares programas da A Current Affair. As tomadas eram intencionalmente enganosas e alimentadas com “testemunhas” pagas. Mesmo as mais respeitadas redes de imprensa comprometeram normas em troca de classificações de audiência, unindo-se ao crescente frenesi. “Competições entre organizações de notícias se tornaram tão ferozes, que as histórias não estavam sendo checadas”, recorda Conan Nolan, repórter da KNBC, “isso foi muito infeliz”. 

A cobertura de imprensa, entretanto, continuou implacavelmente. Em uma extensivamente procurada peça da GQ magazine, de 1995, a jornalista Mary Fisher descreveu isso como “um frenesi de exageros e rumores infundados, com a linha entre tabloide e jornalismo convencional virtualmente eliminada”. 

A consequência para Jackson foi quase um ano de caça às bruxas por parte da mídia, no qual, artigo após artigo, e programa após programa, ofereceram especulações e insinuações, mas nenhuma evidência corroborativa ou testemunhas credíveis.

Para Jackson, contudo, a injustiça não terminou com a mídia. Isso estendeu ao departamento de polícia e o promotor distrital (Tom Sneddon) que gastou uma quantidade sem precedente de tempo, dinheiro e energia perseguindo, infrutiferamente, um indiciamento. Estava claro desde o início – pois, mais que setenta oficiais desceram na casa de Jackson, Neverland, em agosto de 1993 –, que isso não era um caso comum. Portas foram quebradas, colchões foram cortados e diários, livros, vídeos e fotos foram levados em caixas cheias. Os oficiais vasculharam cada metro quadrado da propriedade de Jackson – procurando em camas, mesas e armários, remexendo nos pertences pessoais dele. “Imagine ter alguém mexendo em todas as suas coisas, quando você está a milhões de milhas de distância”, Jackson, mais tarde, contou ao biografo J. Randy Taraborrelli. “Eles pegaram todos os tipos de coisas, coisas bobas como vídeos de mim na Disneyland, fotos dos meus amigos, caixas e caixas de coisas pessoais. E diários! Imaginem ter alguém estranho lendo seus pensamentos mais secretos, as mãos imundas deles passando por todas aquelas páginas privadas, pensamentos sobre [minha] Mãe e como eu me sinto sobre Deus. Isso foi perverso. E eu ainda não recebi de volta um monte de coisas. Isso me faz chorar, quando penso sobre isso. Mas em todos os meus objetos pessoais, não havia uma peça de evidência para provar que eu fiz alguma coisa errada.” 

A humilhação também incluiria um exame despido, na qual foram tiradas fotos do pênis e nádegas. (Mais tarde foi revelado que as fotos não combinavam com a descrição do acusador.) Nenhum desses fatos, é claro, fizeram as mesmas manchetes que as alegações iniciais. “O que surgiu com a massiva investigação de Jackson?” perguntou Mary Fisher, no estudo do caso dela, de 1995. “Depois de milhões de dólares serem gastos pelos promotores e os departamentos de polícia, em duas jurisdições, e depois de dois grandes juris questionarem cerca de 200 testemunhas, incluindo 30 crianças que conheciam Jackson, nem uma única testemunha de corroboração pôde ser encontrada.” Por fim, o acusador se recusou a testemunhar, do mesmo modo – em 1993 e, de novo, em 2005. “Os promotores tentaram levá-lo a aparecer e ele não apareceu”, explicou o advogado de Jackson, Thomas Mesereau. “Se ele tivesse, eu tinha testemunhas que entrariam e diriam que ele contou a elas que isso nunca aconteceu e que ele nunca falou com os pais dele novamente por causa do que eles o fizeram dizer. Acontece que ele foi ao tribunal e pediu emancipação legal dos pais dele.”

Na verdade, Jackson nunca culpou o menino em questão. Em vez disso, ele se sentiu “traído” e manipulado pelos pais. Ele ficou especialmente irado, com o pai (Evan Chandler), que estava tentando extorquir dinheiro dele, durante meses antes das alegações surgirem. Em uma gravação telefônica, Chandler, realmente, admite que o bem estar do filho dele era “irrelevante”; se ele não conseguisse o que ele queria, seria “um massacre”. “Há outras pessoas envolvidas que estão esperando por meu telefonema, que estão em certas posições”; Chandler ameaçou. “Eu paguei a elas para fazer isso. Tudo esta acontecendo de acordo com certo plano que não é só meu. Uma vez que eu dê aquele telefonema, este cara [o advogado dele, Barry Rothman] destruirá todo mundo à vista, da forma mais sórdida e cruel que ele possa fazer. E eu dei a ele total autoridade apara fazer isso... E se eu for adiante com isso eu ganharei um grande momento. Não há nenhum jeito de eu perder. Eu chequei tudo. Eu conseguirei tudo que eu quiser e eles serão destruídos para sempre... A carreira de Michael vai acabar... Este homem será humilhado além do acreditável”. Apenas algumas semanas depois dessa ameaça, quando as tentativas de Chandler em conseguir o financiamento de Jackson para roteiros (Chandler era um aspirante a roteirista) falharam, ele foi em frente com o plano dele. As autoridades foram notificadas sobre as alegações, assim como a imprensa – e o “escândalo da década” estava em andamento.
 
 





 Um revelador autorretrato de Jackson incluído como parte do livreto acompanhante para HIStory. À esquerda, está a letra da música dele, "Childhood".


 



Jackson, é claro, manteve a inocência dele por toda a vida. “Eu nunca poderia ferir uma criança ou ninguém. Isso não está no meu coração, isso não é o que eu sou”, ele disse a Diane Sawyer em 1995. Em outra entrevista, ele disse que ele “cortaria os pulsos dele”, antes de machucar uma criança. As alegações de 1993, porém, provaram ser uma experiência traumática com efeitos prolongados, incluindo um vício crescente em analgésicos e, ainda, mais isolamento do mundo exterior. Depois de meses do que ele descreveu como um “horrível, horrível, pesadelo” – incluindo a completa demolição do caráter dele pela imprensa, a invasão do lar dele e o desumano exame sem roupa– Jackson decidiu que ele já tivera o bastante.

 Uma vez que ele soube dos advogados dele que o “pesadelo” poderia continuar por anos, em públicas, prolongadas, humilhantes batalhas judiciais, Jackson os instruiu a ceder às exigências de Evan Chandler e fazer um acordo. “Eu conversei com meus advogados”, Jackson lembrou, “e eu disse: ‘Vocês podem me garantir que a justiça vai prevalecer? ’ E eles disseram: ‘Michael nós não podemos garantir a você que um juiz ou um júri irá fazer coisa alguma. ’ E com isso eu fiquei meio que catatônico. Eu estava ultrajado. Totalmente ultrajado. Assim, o que eu disse... Eu tenho que fazer alguma coisa para sair deste pesadelo. Todas estas mentiras e todas estas pessoas se apresentando para serem pagas e todos estes programas tabloides, apenas mentiras, mentiras, mentiras. Portanto, o que eu fiz – nós nos reunimos, novamente, com meus advogados e eles me aconselharam... isso foi todas as mãos para baixo, uma unanimidade – resolver o caso. Poderia ser algo que continuaria por mais de sete anos. Nós dissemos: vamos deixar isso para trás.”
 





















        


         Jackson e Lisa Marie Presley sorriem para
        a câmera em Versailles, França, em 1995.








Em 26 de janeiro de 1994, isso foi exatamente o que ele fez. O acordo foi oficialmente anunciado, com Jackson mantendo a inocência dele. Foi estimado que Evan Chandler e a família dele receberam 22 milhões de dólares no acordo.  

Se há alguma coisa positiva a vir da provação que Jackson enfrentou em 1993, foi a forma como ele transformou a dor, a raiva e a desilusão da experiência, em surpreendentes novas músicas. Músicas como “Scream” e “Stranger in Moscow”, igualmente, nunca teriam sido escritas, se Jackson não tivesse atravessado esse período de extremo desespero. “Você tem que ter esta tragédia, esta dor, de onde tirar”, ele, mais tarde, escreveu sobre paradoxal fonte de grande arte.

O plano original para HIStory era uma great-hits collection com algumas novas músicas acrescentadas. Entretanto, com o influxo de promissor material novo, Jackson, rapidamente, optou por fazer um álbum duplo: um disco contendo os hits clássicos dele e outro todo de novas músicas. “Na verdade, eu não queria que o álbum fosse sobre músicas velhas”, Jackson admitiu. “Para mim, álbuns greatest-hits são chatos. E eu quero continuar criando.” O novo álbum, ele determinou, seria uma poderosa refutação para aqueles que o declararam morto: um álbum tão forte, diverso e corajoso, que as pessoas não teriam escolha a não ser reconhecer isso.

Ajudando tanto na segurança quanto na resiliência dele estava uma nova presença na vida dele, a filha da realeza do rock, Lisa Marie Presley. Jackson e Presley foram apresentados pelo advogado de longa data de Jackson, John Branca. Por anos, Jackson tinha cutucado Branca (que uma vez representou o espólio de Presley) sobre apresentá-lo a Lisa. Eles se tornaram mais próximos no meio dos anos mais difíceis da vida dele. “Eu estava em turnê”, ele recorda, “era como se eu estivesse no Armageddon... Todas estas histórias horríveis sobre mim estavam circulando... Era inacreditável. Lisa Marie ligaria. Eu poderia contar meus amigos verdadeiros em uma mão. Ela de muito, muito apoio, todo o tempo. Isso realmente me impressionou. Ela ligaria e estaria chorando”.

Tendo perdido o próprio pai para as drogas, Lisa estava ansiosa em ajudar Jackson a se recuperar do vício dele em analgésicos. Ela também era sensível à exploração que ele estava experimentando nas mãos de “abutres” em torno dele. Quando Jackson retornou aos Estados Unidos, no meio de dezembro de1993, o par começou a se ver com mais e mais frequência. “A coisa brilhante sobre nós, é que estávamos sempre juntos, mas não deixávamos ninguém saber sobre isso”, disse Michael. “Nós tínhamos que nos ver dessa forma... Nós ficávamos realmente tranquilos e confortáveis um com o outro. Assim foi como, basicamente, o namoro começou... Nós passávamos muito tempo no rancho e apenas caminhando por lá e conversando... isso aconteceu, isso se desenrolou totalmente natural. Nós podíamos sentir e sentimento que tínhamos um pelo outro sem nem mesmo falar sobre isso. Estava tudo na vibração, os sentimentos e os olhares em nossos olhos.” 

“Nós nos apaixonamos”, confessou Presley, admitindo que o namoro deles contivesse todas as coisas que se espera – “flores, telefonemas, doces, você nomeie isso”. Jackson fez a proposta a Presley na biblioteca dele, em Neverland. Alguns meses mais tarde, o casal escapou dos Estados Unidos para a República Dominicana, onde foram casados. A pequena e privada cerimonia levou, no todo, doze minutos. Com algum milagre, o casal, de alguma forma, conseguiu manter o casamento em segredo por quase dois meses depois, quando eles passaram a lua de mel em Budapest, Hungria, e na Disney World e se estabeleceram no Rancho Neverland.

Quando a imprensa, finalmente, ficou sabendo do casamento, houve um previsível rebuliço e muito ceticismo. Muitos viram isso como um “movimento de relações públicas”, dado que Jackson estava a menos de um ano do escândalo de abuso sexual infantil. Outros aclamaram que Presley estava usando-o para começar a própria carreira de cantora dela e levar Michael, e o dinheiro dele, para a Igreja da Cientologia. 

Em múltiplas entrevistas (mesmo depois do divórcio deles), contudo, Presley alegou que, enquanto ela podia entender o ceticismo, o casamento foi, na verdade, real e íntimo.  “Nosso relacionamento não era ‘uma fraude’ como estava sendo reportado na imprensa”, ela, mais tarde, escreveu no blog dela, logo depois da morte de Jackson. “Era um relacionamento incomum, sim, onde duas pessoas incomuns que não viviam ou conheciam uma ‘vida normal’ encontraram uma conexão... Todavia, eu acredito que ele me amou, tanto quanto ele poderia amar alguém e eu o amava muito.”

Com o apoio e encorajamento dela, Jackson estava pronto para recomeçar e seguir em frente em uma nova fase da vida e da arte dele.

Não muito depois de Jackson e Presley ter casado, o cantor estava de volta ao estúdio, trabalhando no novo álbum dele, onde Presley sempre o acompanhava. “Eles agiam como duas crianças apaixonadas”, recorda o engenheiro assistente, Bob Hoffman. “De mãos dadas o tempo todo, e ela sair[ia] por algum tempo.” Presley estava profundamente impressionada pelo talento de Jackson, mas ela, também, não tinha medo de ser honesta com ele. Ela não queria que ele bancasse a vítima no álbum dele; ela queria que ele revidasse. Jackson concordou e estava pronto para lançar mais que um ano de raiva e indignação reprimida. 

A maioria das primeiras canções de Jackson (“Stranger in Moscow”, “Childhood”, “Money”, “Little Susie”, etc.) foi esboçada e gravada com o compositor/músico Brad Buxer, com quem Jackson tinha se tornado muito próximo, desde as sessões de Dangerous. Buxer foi o diretor musical da segunda parte da Dangerous World Tour e eles sempre trabalharam juntos em novo material nos quartos de hotéis dele. O material serviu como a fundação para HIStory, quando eles retornaram aos Estados Unidos.

Coincidentemente, as gravações para HIStory estavam agendadas para acontecer no mesmo dia em que aconteceu o terremoto, em janeiro de 1994, em Los Angeles (o que resultou em setenta mortes e mais que 20 bilhões de dólares em danos). Jackson ficou horrorizado pelo terremoto e decidiu mudar todo o time para New York. As gravações começaram mais tarde naquele mês, no legendário Hit Factory, do qual o time frequentemente utilizava todos os quatro estúdios, supervisionados, principalmente, pelo coordenador de produção, Matt Foger. Durante os primeiros meses de gravação, Jackson viveu em hotéis em Manhattan, onde ele, frequentemente, ficaria acordado até tarde da noite, desenvolvendo letras e arranjos, antes de viajar, incógnito, até o estúdio. (Jackson, essencialmente, escreveu e cantou no Estúdio Três.). 

Depois do pesadelo que foi 1993, Jackson estava animado por estar focado novamente no trabalho dele. O estúdio e o palco, como sempre, eram onde ele se sentia mais em casa. “Quando Michael Jackson entrava na área de gravação, ela se tornava dele, observou o, então, amigo Uri Geller, que presenciou as sessões no Hit Factory em 1994. “Ele dominava o estúdio, um tipo de dominação diferente do jeito como ele controla a multidão... Michael é extremamente comprometido com a música dele. Ele trabalha passionalmente nisso, com uma dedicação que me surpreendeu quando eu vi pela primeira vez.” 

Como com Dangerous, Jackson assumiu o papel de produtor executivo, reunindo em torno dele um novo time de músicos, compositores e coprodutores para ajudá-lo a realizar a visão criativa dele. Enquanto ele manteve vários dos parceiros musicais de longa data – Bruce Swedien, Rene Moore e Steve Porcaro, entre outros – ele, também, continuou procurando por novos talentos. Para HIStory, a principal equipe consistia em Brad Buxer, Eddie Delena, Andrew Scheps e Rob Hoffman. Depois de uma positiva experiência trabalhando com Bill Bottrell e Teddy Riley, em Dangerous, Jackson estava ansioso por testar alguns novos produtores.

O som new jack swing tinha evoluído desde Dangerous. Jackson gravou algumas novas músicas com Teddy Riley, nas primeiras sessões, mas elas não entraram no álbum. Jackson também gravou músicas com Babyface (incluindo “Why” e “On the Line”), mas elas também não entraram no corte final. (Duas das colaborações de Bottrell, “Come Together” e “Earth Song”, fizeram HIStory, mas elas já tinham sido escritas e gravadas antes – embora “Earth Song” tenha sido ligeiramente modificada.).

Neste inicial, estágio, Bruce Swedien recorda Jackson chamando-o para a sala dele no estúdio, um dia, e perguntando se ele “poderia pensar em alguém que era verdadeiramente original na elaboração de sons de sintetizadores e cores”. Jackson enfatizou: “E eu quero dizer verdadeiramente original.” Swedien recomendou Chuck Wild, do revolucionário grupo da nova onda, Missing Persons. Jackson decidiu trazê-lo a bordo. “Eu nunca esquecerei a primeira conversa entre Michael e eu, em 1994”, recorda Wild. “Ele disse: ‘ Chuck, que quero que você fabrique sons que os ouvidos nunca ouviram. Eu quero que eles sejam ardentes e agressivos, incomuns e únicos. ’ Intermitentemente, ao longo dos próximos três anos, trabalhando com cerca de 25 sintetizadores, três sampleadores e um par de computadores Macintosh, eu criei uma biblioteca de sons e sonoridade.”

Jackson, também, trouxe a famosa dupla de Minneapolis, Jimmy Jam e Terry Lewis, que tinham produzido todos os álbuns da irmã dele, Janet, incluindo o revolucionário Rhythm Nation. Jam e Lewis ficaram emocionados por, finalmente, trabalhar com Michael. Antes de encontrá-lo em Nova Iorque, eles testaram um punhado de faixas com Janet. “Durante um par de dias, nós viemos com cerca de oito diferentes ideias para as faixas”, recorda Jimmy Jam.  “Interessantemente o bastante, Janet sabia que ele adoraria a demo que acabou sendo ‘Scream’. Eu disse: ‘Como você sabe? ’ [Ela disse] ‘ Eu conheço meu irmão. ’” Janet, é claro, estava certa. Quando Jam e Lewis chegaram ao Hit Factory, Michael e Janet escutaram as demos juntos. “Ele colocou nossas faixas, as quais nós tínhamos comparado de oito a seis”, recorda Jimmy Jam. “‘Scream’ foi a quinta. Ele escutou cada faixa por cerca de dois minutos. ‘Eu gosto disto... Isto é realmente bom’, ele diria. Assim, no fim, ele nos disse: ‘Tudo isso realmente funciona, vocês fizeram um ótimo trabalho. Nós podemos voltar à faixa cinco? ’ Ele tocou ‘Scream’ de novo. ‘Eu pensei nesta aqui, eu pensava que eu tinha escutado alguma coisa para esta faixa’, ele disse. ‘Vamos em frente com esta. ’ Janet olhou para mim e começou a rir. ‘Eu disse a você que ele escolheria esta. ’”













 
















     Jackson no set do vídeo musical dele
     para Earth Song, o mais ambicioso
     hino dele àquela época.
 




No dia seguinte, eles se encontraram, novamente, na suíte de Jackson, na Trump Towers, e Jackson veio com a melodia e a letra para a música. “Era maravilhoso”, lembra Jam. “O processo de composição foi assim em todas as músicas que fizemos juntos... Ele era muito rápido, muito intenso. Tudo foi escrito em um furacão. Apenas vinha para ele. Era emocionante.” No total, três colaborações Jackson/Jam-and-Lewis – “Scream”, “Tabloid Junkie” e “HIStory” – integrariam o álbum. 

 
Para um punhado de outras faixas, Jackson alistou o produtor de R&B em ascensão, Dallas Austin, (coprodutor do CrazySexyuCool, do TLC), que ajudou com “This Time Around” e “2Bad”; e R. Kelly, que contribuiu com “You Are Not Alone”. “Eu cresci com a música de Michael e eu tenho sido muito inspirado pela música de Michael”, disse R. Kelly. “Para verdadeiramente tê-lo ligando para mim, ligando para meu empresário, dizendo que ele queria que eu fizesse uma música para ele, foi uma grande inspiração para eu seguir em frente em minha carreira... E, até o dia em que eu o conheci, isso era como uma contagem regressiva.” Quando os dois, finalmente, entraram no estúdio, juntos, R.Kelly não ficou desapontado. “Michael estava em outro nível”, ele disse da experiência, “e era um tremendo de um nível para o qual ir”. 

 
Para as faixas orquestrais, do mesmo modo, Jackson se voltou ao renomado compositor/produtor David Foster (que tinha trabalhado com quase todos os principais artistas na indústria). Jackson tinha trabalhado brevemente com Foster antes, em Off The Wall, mas eles não tiveram uma chance de colaborar, desde então. “Michael pediu para eu trazer minha família junto”, Foster recorda. “Ele foi muito cuidadoso em se certificar de que todos estavam confortáveis. Eu levei três de minhas filhas e meus dois enteados, que, é claro, ficaram muito animados. Michael nos colocou na incrível suíte de cinco quartos dele no Plaza.” Foster ajudou em duas das mais emocionantes declarações do álbum – “Childhood” e “Smile” – assim como ajudou a terminar o trabalho para “Earth Song”. 

 
Quando o trabalho progrediu no álbum, Jackson, como sempre, estava sintonizado com as últimas tendências e inovações na música popular e estava determinado em ficar à frente. “Eu penso que poucas pessoas percebem o quão profundamente [Michael] estava envolvido nas gravações dele”, diz o engenheiro assistente Rob Hoffman. “Ele tinha um incrível vocabulário musical – de trilhas sonoras para programas de jazz e qualquer coisa que estivesse no rádio. Ele estudava e eu penso que você pode escutar isso na música dele.” Na verdade, enquanto gravava HIStory, ele escutou e desfrutou álbuns tão diversos quanto o Downward Spiral, do Nine Inch Nail, e Ready to Die, do Notorious B.I.G. Felizmente, para Jackson, o respeito que ele demandava dos colegas dele significava que qualquer um que ele quisesse que colaborasse, iria agarrar a oportunidade. Para HIStory, Slash, mais uma vez, contribuiu com o virtuosíssimo trabalho de guitarra dele, Boyz II Men forneceram vocais backgrounds e o superstar do basketball, Shaquille O’ Neal, foi chamado para o rap. Em uma indicação do crescente respeito do mundo hip-hop por Michael Jackson, o Notorious B.I.G. – que estavam, então, no auge da carreira deles –, não apenas avidamente contribuíram com um rap para “This Time Around”, de Jackson, mas também, timidamente, pediu a Jackson um autógrafo depois.

 
Wyclef Jean, do Fugges, gravou com Jackson durante as sessões de HIStory. “Ele é a única pessoa em minha vida onde, quando eu o vi, toda a minha voz sumiu”, ele recorda do primeiro encontro deles. “Eu não sabia o que dizer. Minhas mãos estavam tremendo.” De acordo com quase todo que trabalharam com ele, entretanto, Jackson sempre foi humilde e tratava os colaboradores dele com iguais. “Trabalhar com Michael é um tipo diferente de trabalho”, refletiu o produtor/compositor Dallas Austin. “Você é pressionado pelo tempo, mas não por criatividade ou dinheiro. Assim, você é deixado com liberdade louca. Você pensaria que ele seria muito controlador, mas se ele gosta de você o bastante para trabalhar com você, ele quer sua especialidade.” 

 






















 

O HIStory teaser de Jackson incitou um rebuliço. Aqui, ele  marcha à frente de um exercito sincronizado.






Outros apoiaram. “Michael é a pessoa mais intensa com quem já trabalhei”, ofereceu Jimmy Jam. “Para ele, tudo é sobre a música e como torná-la melhor. [Mas] ele também torna o trabalho muito divertido. Ele é uma criança no coração – o escritório dele não é como um escritório normal. Ele tem todos os tipos de brinquedos. Muitas vezes, nós estaríamos em sessão, no meio de um jogo de videogame, e ele seria como: ‘Bem, nós temos que fazer isso. Mas vão em frente e terminem o jogo de vocês – eu não quero atrapalhar o jogo de vocês. ’” 
 
A data inicial para lançamento do álbum foi fixada para o inverno de 1994 – exatamente antes dos feriados. No que tinha se tornado forma padrão de Jackson, contudo, o álbum foi adiado. Ele ainda não estava satisfeito com bastante material. “Eu acredito em perfeição”, ele explicaria mais tarde, “e eu tento criar isso em tudo que eu faço. Nós nunca parecemos chegar lá totalmente, mas eu acredito em execução perfeita. E quando nós não conseguimos, pelo menos, 99.9 por cento, eu fico realmente chateado”. Jackson estava contente com o jeito como HIStory estava evoluindo, porém. Naquele inverno, ele e o resto do time criativo mudaram de volta para Los Angeles, onde a gravação continuou no Record One, Larrabee e nos estúdios Westlake, “Às vezes, nós olharíamos para cima e seriam, facilmente, 3 ou 4 da manhã”, recorda Jimmy Jam. “Houve dias quando Michael deixaria o estúdio às 3 da manhã e estaria de volta em ação, logo cedo, no dia seguinte.” 
 
Os próximos vários meses foram gastos podando e polindo, enquanto Jackson também trabalhava nos curtas-metragens, novas coreografias para performances e outros projetos.

 
“A última semana de gravação em HIStory”, recorda o engenheiro assistente Rob Hoffman, “[Michael] veio até mim e Eddie Delena e disse: ‘Eu sinto muito, mas eu não penso que alguns de nós irão dormir este fim de semana. Há muito a ser feito e nós temos que ir ao Bernie [Grundman, para masterização] na segunda de manha. ’ Ele ficou no estúdio o tempo todo, cantando e mixando. Eu passei um par de momentos tranquilos com ele, durante aquele tempo. Nós conversamos sobre John Lennon uma noite quando ele estava se preparando para cantar o último vocal do álbum – o enorme ad-libs no final de ‘Earth Song’. Eu disse a ele a história de John cantando ‘Twist and Shout’ quando esta doente e, embora, a maioria das pessoas pensasse que ele estava gritando para efeito, era, na verdade, a voz dele saindo.” 
 
 
Jackson e o time de engenheiros dele continuaram a trabalhar todo o caminho para finalizar a linha. “Mais tarde, naquela noite, enquanto estava mixando”, recorda Hoffman, “todo mundo deixou a sala, daí [Michael] pôde subir isso. Essa era uma ocorrência comum durante as mixagens e eu fui deixado na sala, com plug de ouvido e mãos sobre meus ouvidos, para o caso de ele precisar de alguma coisa. Esta noite, em particular, todas as luzes estavam desligadas, e nós percebemos alguns flashes azuis, intermitentemente, iluminando a sala durante o playback. Depois de alguns momentos, nós pudemos ver que um dos alto falantes (personalizado quádruplo Augspurger) estava atirando chamas azuis. [Michael] gostou disso e continuou a instigar todas as luzinhas”.
 
 
Quando eles finalmente tinham todas as músicas finalizadas (quatorze faixas escolhidas de, estimadas, quarenta a cinquenta, que foram trabalhadas durante as sessões), entretanto, eles entraram em um problema familiar: havia muito material para colocar em um CD. Bruce Swedien encarregou o engenheiro assistente John Van Nest de apará-los. “Não era tarefa pequena, pois cerca de sete minutos precisava ser recortado em algum lugar”, recorda Van Nest. “Eu puxeis tudo isso para fora com Ferramentas de Som e acabei sabendo cada verso de todas as músicas muito intimamente. Eu descobri lugares onde músicas poderiam ser reforçadas e vim com muitas sugestões. Na noite da masterização, eu fui colocado em uma sala no Bernie Grundman, com meu Equipamento de Som e nessa sala, eu teria que ‘negociar’ com Michael sobre o que tirar. Eu nunca esquecerei aquela noite... Michael entrou e Bruce Swedien disse a MJ que nós teríamos que remover até uma música inteira ou editar as outras para caber dentro de um CD. Nós escolhemos a última opção. Eu comecei com música um, e toquei para Michael minha edição, ‘Oh, não, nós não podemos tirar isto, esta é a minha parte favorita do álbum! ’ ‘Ok’, [Eu disse], ‘Vamos tentar outra. ’ ‘Oh, não, devemos manter estes quatro versos. ’ ‘Ok, vamos para a vamp, o que continua por dois minutos – e quanto a remover estes versos? ’ ‘Oh, não, esta é a minha parte favorita da vamp! ’ Bem, você entendeu o cenário. Enquanto isso, Jimmy Jam estava conosco, dizendo a Michael que todas essas edições eram ótimas e, na verdade, tornava as coisas melhores. E durante o curso de cinco horas, nós chegamos lá. Naquele momento, era provavelmente 3:00 horas da manhã e eu estava destruído.” O álbum foi, finalmente, masterizado por Bernie Grundman poucas horas depois.
 
 
Nota da tradutora: 
Vamp é normalmente usada nas letras para indicar a parte de uma canção que leva ao fim da canção. Geralmente após a ponte de uma música vem a vamp.
 
HIStory foi completado na primavera de 1995. Antes do lançamento, a Sony desencadeou o começo de uma campanha promocional de 30 milhões de dólares que, mais uma vez, transformou Michael Jackson em um espetáculo mundial e sujeito de controvérsia. O ataque repentino começou com um elaborado teaser de quatro minutos filmado em Budapest, apresentando Jackson marchando à frente de um exercito perfeitamente sincronizado para a emocionante música de Brasil Poledouris, “Hymn to Red October”. Dirigido por Rupert Wainwright, o vídeo é uma espetacular prova de força visual. Enquanto Jackson marcha por uma ampla rua, parecida com a Champs-Élysées, ele é identificado, gradualmente, através das icônicas marcas registradas dele (uma luva, um olho, uma silhueta) magistralmente estabelecendo uma aura, enquanto construía suspense. Quando ele é, finalmente, revelado inteiramente, ele está adornado em reluzente traje militar, enquanto fãs olham, gritam e gemem em adulação. Logo depois, ele é revelado novamente; dessa vez, literalmente maior que a vida, como uma enorme estátua, enquanto helicópteros sobrevoam a multidão. 
 
Enquanto o curta-metragem promo alcançou o proposito dele de gerar excitamento, ele, também, suscitou generalizada controvérsia. “O clipe não somente para em representar os já conhecidos níveis da Michael mania”, escreveu Chris William, do Los Angeles Times, “isso vai bem além dos limites da autofelicitação para se tornar, talvez, a mais descarada autodeificação vaidosa que um cantor pop já tem se dignado a compartilhar com o público dele, pelo menos, com uma cara séria”. Outros argumentaram, com o uso do imaginário e símbolos do vídeo, que ele foi modelado a partir do filme-propaganda Nazista, Triunfo da Vontade.

Jackson respondeu à controvérsia dizendo que isso era “arte”, e não tinha “nada a ver com políticas ou Comunismo ou Fascismo”. Mas quando o resto da campanha promocional desenrolou – incluindo a inauguração de várias estátuas de aço e fibras de vidro de trinta e dois pés do cantor por toda Europa, algumas das quais flutuavam por proeminentes rios, como Tâmisa, em Londres –, o criticismo começou a crescer. A promoção e as estátuas jogaram com as concepções da mídia sobre Jackson. Ele era um megalomaníaco, um narcisista, uma criança com uma compulsiva necessidade de atenção. Contudo, esses diagnósticos foram um pouco simplista de mais.
 
A capa do álbum HIStory de Jackson como uma estátua, e o acompanhante esforços promocionais, certamente, transmitem uma certa audácia. Mas para Jackson, depois de ser declarado derrubado e morto, depois do escândalo de abuso, isso foi como uma declaração de desafio, no estilo Muhammad Ali (“Eu sou o melhor”). A imagem da capa revela-o de pé, como um militante campeão; vigoroso, punhos cerrados, confiante. Para um dançarino, em particular, a imortalização do corpo, a literal transformação do semblante dele em um trabalho de arte, faz sentido.



Um estátua de trinta e dois pés de Jackson flutua pelo Rio Tâmisa, em Londres, para promover HIStory.

 




Isso foi, também, é claro, uma façanha publicitária – Clássico showbiz de P.T. Barnum. “Eu queria a atenção de todo mundo”, ele disse a Diane Sawyer. Jackson gostava de surpreender as pessoas, apresentar algo que eles nunca tinham visto antes. Isso foi uma clássica demonstração do paradoxo de Michael Jackson. Como uma pessoa, amigos dizem, ele era tímido, humilde e não levava a si mesmo muito a sério; mas ele sabia como performar, como organizar um espetáculo, como se esconder por anos e, então, reaparecer maior que a vida. Com a promoção de HIStory, isso foi, exatamente, o que ele tinha feito. Exatamente um ano antes, ele foi considerado irrelevante pelos críticos. Agora, mais uma vez, ele estava fazendo manchetes: as pessoas estavam falando, as pessoas estavam com raiva, as pessoas estavam excitadas. Mas todos no mundo sabiam que o álbum dele estava chegando. 

 
Essa estratégia, porém, teve as repercussões dela. Jackson primeiro concebeu a ideia de ser “o maior espetáculo da Terra”, antes de lançar Bad. O plano tinha, na verdade, transformando-o em um espetáculo de intrigas sem fim e fascinação; mas também o desumanizou para muitas pessoas. Isso foi, particularmente, o caso após as alegações. Muitos críticos estavam alinhados e prontos para disparar.

 
Ainda, com a contagem regressiva encurtada até o lançamento do álbum, o nível de excitamento estava elevado – dentro da indústria da música, assim como para fãs, em todo o mundo. O single líder, “Scream”, foi tão antecipado, que, na verdade, ele foi ilegalmente vazado para uma estação de rádio de Los Angeles duas semanas antes (isso foi antes dos dias de ilegais downloads, quando tais vazamentos se tornaram comuns). A faixa não apenas foi a apresentação de dois dos mais proeminentes artistas do mundo (que aconteceram de ser irmãos), ela também foi o primeiro single de Jackson desde a alegação de abuso infantil – e ela diretamente se referia ao estado mental dele. O vídeo futurista (uma revolucionária produção de 7 milhões de dólares), estreado no Prime Time Live, da ABC, durante a entrevista de Jackson e Presley com Diane Sawyer para um audiência, nos Estados Unidos, de mais de 64 milhões de telespectadores. 

 
Quando “Scream” foi oficialmente lançado em 31 de maio de 1995, juntamente com o acompanhante vídeo musical, ela não desapontou, alcançando o #5 nos charts da Billboard. Ela substituiu “Let It Be” dos Beatles como a mais alta estreia nos trinta e sete anos de história da Billboard Hot 100. Foi um grande retorno, na verdade, para um artista que muitos críticos alegavam estar acabado. O álbum em si seguiu o exemplo, tornando-se o quarto álbum de Jackson em uma fileira para hit #1 nos Estados Unidos, com 391.000 vendas na primeira semana (782.000 discos). “Agora é comum álbuns entrarem na base #1 na primeira semana de vendas”, nota John Branca. “Mas quando HIStory foi lançado, você realmente tinha de ter um álbum muito bom para chegar ao #1.” Quando o álbum saiu do Top Ten cinco semanas mais tarde, contudo, os críticos já o estavam rotulando de fracasso. Parte dos baixos números de venda, provavelmente, tinha a ver com ele ser um álbum duplo e, portanto, mais caro. Mas o interesse em Jackson também parecia estar diminuindo na América. Enquanto estreou elevado, “Scream” fracassou em alcançar o 1º lugar nos chart da Billboard, marcando a primeira vez na carreira solo de Jackson que o single líder não alcançou o topo dos charts (exceto por “The Girls Is Mine”, que chegou ao #2). Mas HIStory estava longe de ser um fracasso. Enquanto a performance dele nos Estados Unidos estava sólida, se não esmagadora, Jackson mantinha enorme popularidade por toda a Europa, Ásia, Austrália e África, todos os continentes, que viram o álbum chegar ao primeiro lugar e se tornar multi-platinum. Na verdade, apenas seis semanas depois, HIStory tinha vendido, aproximadamente, oito milhões de cópias no mundo todo (dezesseis milhões de discos). 
 
Apesar do sucesso comercial do álbum, entretanto (e mais importante, a qualidade artística dele), HIStory foi amplamente dispensado pelos críticos que, previsivelmente, apenas conseguiam interpretá-lo através das lentes de Michael Jackson, a caricatura da mídia. Stephen Thomas Erlewine, da All Music, chamou o álbum de uma “monumental conquista do ego”. Jim Farber, do The Daily News, rotulou-o “Choroso papo furado de Jackson sobre o percebido mal tratamento dele.” Na sua crítica redutiva, condescendente, ele escreveu: “Vamos ver uma amostra de mãos. Quantos de vocês tiveram que cancelar a última turnê mundial e sofrer a perda de um patrocínio multimilionário da Pepsi, porque toda a mídia saiu na criação de forjadas acusações de que você molestou um menino? Se isso descreve os dois últimos anos da sua vida, o novo álbum de Michael Jackson é para você. Todos os outros podem se sentir um pouco excluídos. Em 11 das 15 novas músicas no HIStory, o cantor usa as músicas como playback para um mundo de acusadores.”
 


Jackson posa no set do vídeo musical para Scream. O premiado vídeo provou que Jackson continuava na vanguarda do veículo transmissor.
 





Jon Pareles, do New York Times, similarmente, usou a crítica dele para provar a excentricidade de Jackson. “Ele não está fingindo ser normal mais. Nas novas músicas dele, ele é paranoico e desconfiado, messiânico, mesquinho, vingativo e sentimental. Comparando a si mesmo com John F. Kennedy e Jesus Cristo, ele é um megalomaníaco que se sente uma vítima.” Pareles admite que Jackson “continua um dos mais talentosos músicos vivo”. Mas isso é um à parte, no que é, ao contrário, um desdenhoso ataque falacioso.


















 

Considerando o escândalo que o precedeu, HIStory foi um
extraordinário sucesso global, culminado em mais outra
exaustiva turnê mundial de dois anos.


 


O trabalho revolucionário de Jackson foi, pelo menos, parcialmente reconhecido por alguns críticos. Em uma crítica quatro-estrelas, a Rolling Stone chamou o álbum de pacote “estimulante”, mas “equivocado”. “O derradeiro objetivo de HIStory”, escreve James Hunter, “é posicionar a música de Michael Jackson como um planeta, um gênero, uma lei, um orçamento de marketing em si mesma”. Contudo, a revista conseguiu objetividade o bastante para, pelo menos, na maior na parte, focar na música. “Algumas das novas músicas”, Hunter escreve, “– o excelente single atual, ‘Scream’, ou a balada R&B de primeira, ‘You Are Not Alone’, manejaram para ligar os incidentes do infame passado recente de Jackson às universais concepções, como injustiça e isolação. Quando ele baseia a música dele na rudeza do hip-hop, Jackson esboça cenários da moda, denunciando ganância, manto de insegurança e falsas acusações”. Hunter também  destaca “Stranger in Moscow”, “Tabloid Junkie” e “This Time Around” para elogios.

Sim, na maior parte, críticos profissionais em meados dos nos noventa pareciam, inteiramente, perder a profunda evolução artística que HIStory representou. “HIStory é especial”, notou Armond White, “porque um rei como Jackson deseja enunciar doenças sociais tão maravilhosamente. Desde ‘They Don’t Care About Us’ a ‘Scream’, Jackson dá vida ao desconforto da vida dos Americanos, a totalidade das serias questões da perda humanística da nossa nação, uma questão de consciência popular... É enfadonho que críticos digam que a raiva de HIStory é pessoalmente motivada – é claro que é. Mas é importante que Jackson amplie, relacione esta passada fúria lunática à condição de injúria nacional, universal”. Na verdade, conectar o pessoal, social e universal é o que continua a fazer HIStory tão relevante e convincente anos depois. 

O álbum, certamente, teve um começo impressionante. A sequência das três músicas de abertura, “Screm”, “They Don’t Care About Us” e “Stranger in Moscow”, é um trio tão bom quanto se pode encontrar em qualquer álbum de Jackson. Ao tornarem-se intensas, corajosas e assombradas, essas faixas revelam uma progressão, desde as aberturas em Dangerous (“Jam”, “Why You Wanna Trip On Me” e “In the Closet”). As letras são afiadas e mais sofisticadas, e os sons mais distintos. “O clipe nítido, ininterrupto, e comprimidas harmonias de ‘They Don’t Care About Us’”, observa Loundon Wainwright, “ou as texturas postas em camadas, meticulosamente arranjadas, da fluida ‘Stranger in Moscow’, não poderiam vir de ninguém mais, além de Jackson”. 

Sonoramente, HIStory apresentou um novo padrão para como álbuns são feitos e gravados. “Qualquer um faz polêmica em torno do álbum”, escreve Daniel Sweeney, “alguém pode dificilmente ignorar a maravilhosa produção e valor dele e a habilidade com a qual, verdadeiramente, vastas fontes musicais foram exercidas sobre o projeto. Quando a maioria da música popular se contenta com esparsa instrumentação de uma faixa de trabalho, intermitente com um pouco de sintetizador, HIStory reúne tais renomados músicos de estúdio e talentos de produtores como Slash, Steve Porcaro, Jimmy Jam, Nile Rodges; além de uma completa orquestra sinfônica de sessenta peças, vários coros, incluindo Andraé Crouch Singers Choir; vocalistas estrelas como a irmã, Jante Jackson e Boyz II Men e o arranjo de Quincy Jones e Jeremmy Lubbock. Na verdade, a riqueza absoluta de instrumental e alcance vocálico é, provavelmente, sem precedentes em toda a esfera da gravação popular”.


Jackson, no set do vídeo musical dele para They Don’t Care About Us, no Rio de Janeiro, Brasil.


Nota da tradutora:

O autor se confundiu em relação ao local onde a foto acima foi tirada. Obviamente é Salvador, Bahia, não o Rio de Janeiro.


 






 











Jackson, em um momento de serenidade em turnê.


 
Sweeney continua: “Mas a riqueza se estende além de mera densidade na mixagem para a global perspectiva espacial da gravação. Exatamente como as gravações do clássico popular de Phil Spector, de trinta anos atrás, apresentava uma característica “parede de sons”, sugerindo um amplo, talvez, muito reverberante espaço de gravação, da mesma forma, as recentes gravações de Michael Jackson transmitem um não menos distintivo, embora diferente, senso de profundo espaço – o que, por falta de palavras, alguém poderia considerar um ‘salão de sons’”.
 

Como resultado, é claro, estava o produto de um time imensamente talentoso. Jackson, entretanto, era a força diretora. “Eu não sei se muitas pessoas teriam paciência ou trabalho ético para criar os álbuns que [Michael] faz” diz o engenheiro assistente Bob Hofffman. “Nós nunca teremos as provisões, de novo, com certeza... Havia esta constante busca por ‘sons que o ouvido nunca ouviu’.” 
 

Em termos de estilo, onde Dangerous misturou new jack swing, rock e gospel, HIStory foi mais hip-hop e hard funk nas faixa rítmicas e cinemáticas, pop orquestral nas baladas. Essa justaposição incomum foi um dos criticismos do álbum. Poderia músicas tão diversas quanto “Scream”, “Childhood” e “2Bad” realmente funcionarem juntas como uma coesa experiência de audição? A resposta depende, parcialmente, do ouvinte. Mas por toda a carreira dele, Jackson, constantemente, apresentou este sonoro e temático contraste para realizar específicos efeitos. Não era apenas de música a música, tampouco. Em muitas das faixas rítmicas, um fundo denso, agressivo, é sobreposto com um cume suave, melódico (veja “Tabloid Junkie”), para criar contraste e tensão.
 

Outro criticismo foi a sobrecarga de músicas “furiosas”. Essa referência, entretanto, teve maior circulação em 1995 – quando todas as músicas foram interpretadas através das lentes da vida pessoas dele – que hoje. Como os trabalhos finais de John Lennon, HIStory é intencionado para capturar a emocional turbulência da vida. Tudo veio em uma torrente de intensas e variadas emoções: às vezes, raiva; às vezes, vulnerabilidade; às vezes, dor; às vezes, alegre e triunfante; às vezes, impetuoso e direto.
 

HIStory é, certamente, menos aceitável que muitos dos outros álbuns de Jackson; mas ele pode, também, ser mais gratificante. Os pontos mais altos do álbum são, provavelmente, tão altos quanto em qualquer álbum desde Thriller. Em adição ao brilhante trio de abertura, “Earth Song”, “Little Susie” e “Smile” se sustentam como algumas das melhores realizações musicais de Jackson. Nenhuma dessas é convencional música pop, mas cada uma delas oferece algo único, poderoso e eterno.
 

HIStory é também, sem dúvida, o álbum mais político de Jackson. Ele explora tudo, desde discriminação (“They Don’t Care About Us”) a manipulação midiática (“Tabloid Junkie”, “Scream”) ao excessivo materialismo e corrupção institucional (“Money”, “D.S.”) a preocupação com o meio ambiente (“Earth Song”). Enquanto Off the Wall oferecia abençoado escapismo e libertação através da música e dança, HIStory é um esforço mais maduro, forçando o ouvinte a confrontar desmascaradas realidades sobre o mundo que nós vivemos.
 

 A mistura singular de sons, estilos e temas de HIStory o torna difícil de desenhar comparações, particularmente dentro da década dele. A inovação sonora dele, à época, lembra The Downward Spiral, de Nine Inch Nails, enquanto a melancólica vulnerabilidade dele contém linhagens de Automatic for the People, do R.E.M . Mas talvez o mais apto paralelo de HIStory, nos anos noventa, seja a obra prima, de 1997, do Radiohead, OK Computer, que, similarmente, aborda temas de alienação, desespero, ganância, apatia e ultraje social. Radiohead e Jackson estão, obviamente, trabalhando a partir de diferentes experiências de vida e estilos estéticos (rock/punk versus R&B/hip-hop); mas ambos, também, experimentam liberalidade com diferentes gêneros (clássico, jazz, industrial, techno, etc.), sons e arranjos, para criar paisagens sonoras incomuns, visceral, atmosféricas. Entrar em cada álbum é como olhar através de um espelho escuro. O ouvinte aberto e atento atravessa a experiência perturbado, esclarecido e mudado.
 

 Com mais de vinte milhões de unidades (quarenta milhões de discos), agora, vendidos, HIStory é o álbum duplo mais vendido de todos os tempos. Contudo, ele também continua um dos mais desconhecidos e subestimados de Jackson, em comparação com a realização artística dele (particularmente nos Estados Unidos). Juntamente com Dangerous, ele irá, sem dúvida, experimentar uma importante reavaliação (e redescoberta) nos anos vindouros.


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